quinta-feira, 27 de novembro de 2008

As verdades de Manuela.

Desde que ouvi falar pela primeira vez de Manuela Ferreira Leite, que nunca nutri grande simpatia por ela. Na altura eu era estudante de Economia na Universidade de Coimbra e opunha-me (como me oponho hoje) às propinas. Se não estou em erro, ela sucedeu a Couto dos Santos, o ministro que “inventou” esta dupla tributação (argumentava-se que não era justo quem não tinha filhos a estudar na universidade ter que pagar os estudos dos outros, mas não consta que os impostos tivessem baixado no mesmo montante das propinas, apenas se aumentaram as transferências das famílias que tinham filhos a estudar no ensino superior, para o Estado) e insistiu nessa injustiça que era o aumentar as propinas de – falando em euros – 6 euros para 200 (quase 1800%) o que nunca acontece quando nos aumentam qualquer subsídio ou abono (que, se aumentam 5, 10 ou mesmo 20% – por vezes aumentos de 1 ou 2 euros ou mesmo alguns cêntimos – os governos vêm logo anunciar o grande aumento percentual que nos estão a dar!). Foi essa a primeira vez que ouvi falar dela.
Mais tarde, durante o governo de Durão Barroso, apareceu como uma ministra das finanças milagreira, que iria operar grandes feitos e salvar Portugal dos terríveis problemas orçamentais herdados do (des)governo de António Guterres. Na verdade, lembro-me de aumentos de impostos, aumentos de taxas, aumentos de impostos, aumentos de taxas, aumentos de impostos, aumentos de taxas, diminuição ou extinção de subsídios ou abonos às famílias ou empresas (e sem coragem para acabar com a vergonha do rendimento mínimo), fim dos benefícios fiscais dos PPR (ainda mais grave vindo da parte de um partido que defende que cada um deve poder escolher para onde se desconta para a reforma, se para o Estado, se para o privado), venda de património do Estado, perdão fiscal, venda de receita futura (como foi o caso do negócio, salvo erro, com o citigroup) e, mesmo assim, o défice sempre no limite. Ora, a aumentar impostos e taxas, a vender o que se tem (empresas, através de privatizações, ou venda de edifícios do Estado), com diminuição do que o Estado transfere para as famílias e empresas e com perdão a quem não tinha cumprido, para ver se mesmo assim se recebe algum agora e o futuro que se lixe, também eu!
Mas não estou hoje aqui para dizer mal desta senhora. Estou aqui para a defender. Parece impossível que uma pessoa que, ao longo dos anos, tem feito as asneiras que fez e mostrado a incompetência que mostrou, seja apresentada como uma pessoa de rigor, competente, séria, enfim, só virtudes; mas quando esta pessoa vem, finalmente, mostrar alguma lucidez, seja crucificada. A meu ver, esta lucidez (e coragem) patenteia-se em 3 afirmações que fez nos últimos tempos: que o casamento não é para homossexuais, que as grandes obras públicas vêm diminuir o desemprego em Cabo Verde e na Ucrânia e que em democracia é impossível fazer reformas. Analisemos cada uma destas verdades.
Em relação ao casamento entre homossexuais (para não lhes chamar outra coisa), é uma coisa tão contra natura, tão contra o desenvolvimento das espécies, tão disparatado, tão ofensivo a quem, sendo normal, contrai este contrato, esta opção de vida em conjunto, que até me vou abster de comentar este momento de lucidez de Manuela.
Quanto a as grandes obras públicas fazerem diminuir o desemprego de países estrangeiros (aqui o citar-se Cabo Verde ou Ucrânia é meramente exemplificativo, pois poderia acrescentar-se Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Brasil, Roménia, etc.) é a mais pura das verdades. Queiram ou não admitir, as grandes (e pequenas) obras em Portugal são feitas, maioritariamente, por cidadãos estrangeiros, e em grande parte ilegais. A diferença é que, numa pequena obra, o patrão arrisca-se a ser fiscalizado pelo SEF, pela Segurança Social ou pela IGT e pode-se tramar; nas grandes obras, ninguém lá mete o nariz, que o governo não deixa, pois uma fiscalização do SEF ou da IGT ou da Segurança Social iria levar à paragem das obras, de tanta ilegalidade (sobretudo a nível de trabalhadores estrangeiros) que lá pára. E arranjar mais empregos nas obras é atrair cidadãos estrangeiros ilegais, explorados, sem pagarem segurança social ao Estado ou IRS e maiores lucros para as grandes empresas, à custa de pagar salários baixos a estrangeiros ilegais e não salários justos a portugueses (que até nem querem nem precisam de trabalhar, pois estão a receber subsídio de desemprego ou rendimento mínimo).
Quanto à sua última reflexão (que, de tão lúcida, até apareceram logo os próprios do partido a dizer que não era aquilo que ela queria dizer) é o que há muito eu digo: a democracia de “cárácácá” em que vivemos não serve o país. Nesta democracia não é possível governar, porque não se pode fazer aquilo que deve ser feito sem correr o risco de se perder as eleições. Qualquer governo tem que fazer coisas que dêem frutos no imediato e não a longo prazo, pois as eleições são logo dali a 4 anos e o interesse dos partidos que governam é ficar por lá e garantir tacho a todos os que contribuem para a manutenção do partido no governo. Explicando de forma mais simples: que interesse tem um partido em governar bem mas impopularmente durante 4 anos se depois é o outro que vai para lá e colhe os frutos da sua governação? O partido governa para se manter lá, sem fazer o que é difícil mas necessário. E, para se manter lá, tem que manter contentes (com tachos) os indivíduos que, tendo grande influência nas gentes de cada região (caciques locais), os apoiam a chegar ao governo. E tem que manter felizes a maior parte dos eleitores, não fazendo o que deve (já viram quantos votos iam para os outros partidos se o governo acabasse, por exemplo, com o rendimento mínimo ou restringisse o acesso e a duração do subsídio de desemprego?). Este é o fundamento da nossa democracia!
Já quanto aos partidos da oposição, o papel deles é uns chegarem lá, outros tentar não desaparecer. E todos eles podem propor as medidas mais impossíveis de realizar mas muito populares, uns porque nunca lá vão chegar e estão à vontade para propor o que lhes apetecer, outros porque quando lá chegarem dão o dito por não dito e trocam de discurso com o partido que lá estava (como sem tem assistido nos últimos anos, em que PS e PSD têm trocado de discurso de cada vez que se mudam da oposição para o governo e do governo da oposição – depois vê-se o ridículo de o PSD acusar o PS de ter dito, há uns nos atrás, precisamente o contrário do que está agora a dizer e o PS a citar deputados e membros do governo do PSD a dizer o que o PS diz agora!).
Ou seja, o que Manuela vem dizer agora é que em democracia governa-se mal, mas isso não pode ser dito! E só falta dizer que de democracia as únicas coisas que temos são o votar de 4 em 4 anos (escolher se queremos ser roubados pelo PSD ou pelo PS, pois a manipulação das massas é tal que parece que não temos hipótese de escolher outros, como se fosse uma fatalidade ter que escolher entre estes dois partidos, como se os votos nos outros fossem votos desperdiçados, como se não fossemos senhores dos nossos votos e eles não contassem se votarmos noutros) e o podermos andar aí pela rua em manifestações ou no café ou nos jornais ou blogues a dizer mal e tudo e de todos. Pronto, votamos ou no PSD ou no PS e podemos dizer mal do governo ou da oposição, mas para isso temos que pagar forte e feio para sustentar aquela classe de políticos parasitas. E ainda andar felizes, pois vivemos numa democracia!! E esta é uma felicidade que, ao mesmo tempo, me causa dores de morte!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Subsídio de desemprego, rendimento mínimo e outras formas de parasitismo.

O Banco de Portugal descobriu a pólvora! Descobriu que em Portugal o período em que os “trabalhadores” recebem o subsídio de desemprego é demasiado longo e motivo de manutenção do mesmo. Parece que os iluminados descobriram que a duração média entre empregos de “trabalhadores” que recebem subsídio de desemprego é de 23 meses (quanto é que é o período máximo que se pode receber subsídio de desemprego?) e que isso se deve ao facto de os “trabalhadores” não quererem arranjar emprego porque estão a receber sem trabalhar! É nestas alturas que nós damos por bem empregue o dinheiro que gastamos com Vítor Constâncio e com todos os excelentes funcionários do Banco de Portugal. Nestas alturas e quando vêm em Março dizer que o crescimento vai ser de 2%, em Junho que vai ser de 1%, em Setembro que vai ser de 0,4% e em Dezembro que vai ser de 0%. Felizmente, o Banco de Portugal serve para fazer previsões acerca do crescimento da economia, da inflação, do desemprego e de outros indicadores macroeconómicos, dando valores diferentes em cada trimestre e acertando com o valor correcto já no fim do ano! Para além, claro, de pagar chorudos vencimentos a funcionários que tentam armar-se em profetas acerca do desempenho económico do país (os bruxos estão caros, mas também erram!) e de, de quando em longe, dizer coisas que o comum português se farta de dizer ao fim da tarde, defronte de um copo de tinto e de um pastel de bacalhau, na taberna da esquina! Pois está claro, descobriram (!!): a malta anda a sacar dinheiro sem ter que ir trabalhar, sem ter que se levantar cedo, sem gastar dinheiro em deslocações, sem ter que pagar creches porque fica com os filhos, sem ter que pagar a mulher-a-dias, e não procura emprego! E só quando se aproxima o fim da “mama” é que vai tratar de arranjar emprego! E ainda digo mais: com um bocadinho de esforço, se eles forem também à taberna do bairro ou da aldeia, vão-se aperceber que muitos até arranjam, mas só se for sem fazer descontos nem pagar impostos, que é para não perderem o subsídio de desemprego. E, quiçá, eles conseguirão aperceber-se que o rendimento social de inserção (vulgo rendimento mínimo) faz exactamente a mesma coisa: sustenta parasitas que não querem trabalhar (salvo algumas excepções, de gente que não pode mesmo trabalhar) e que se habituam a viver à custa de um pseudo direito de viver à custa de quem trabalha! É que já nem é um caso de pedido de esmola para viver, é UM DIREITO QUE ELES TÊM de viver à custa de quem trabalha, pelo qual não têm sequer que agradecer e do qual ainda se devem queixar pelo facto de ser pouco! Sim, porque quem trabalha, quem sustenta os filhos sem ajudas do Estado, quem se preocupa com a subida da euribor ou dos combustíveis, tem obrigação de apertar cada vez mais o cinto para ajudar “aqueles que mais precisam” (como é revoltantemente vulgar ouvir a nossa honesta e preocupada classe política dizer), ou seja, ajudar os parasitas da sociedade a procriar e a prosperar, criando um cada vez maior número de parasitas por cada trabalhador (que não tem dinheiro para poder ter filhos, nem recebe incentivos para isso), e assim, pondo em causa a sustentabilidade futura da segurança social e das reformas de quem desconta para elas.
Como complemento ao que estou a dizer, acrescento a esta minha crónica a notícia que ouvi hoje de manhã: uma empresa da área da construção de aparelhos eólicos, creio que em Viana do Castelo, não consegue produzir em pleno porque não consegue arranjar trabalhadores! E os sindicatos ainda têm o desplante de dizer que não conseguem arranjar trabalhadores porque pagam mal. Pois, parece que o Estado paga um pouco melhor a quem não quer fazer nenhum, do que as empresas a quem quer trabalhar. Abençoado Estado que tem estes “funcionários públicos” (os desempregados e a malta do rendimento mínimo) aos quais não lhes corta regalias nenhumas e ainda os incentiva ao parasitismo, que os afasta do trabalho, que consegue dificultar às empresas a obtenção de mão-de-obra, ao mesmo tempo que com os seus verdadeiros trabalhadores mais não tem feito que congelar vencimentos, impedir a progressão nas carreiras e atirá-los para a mobilidade especial, para lhes pagar menos. E isto, meus caros, dá-me umas dores de morte que só visto!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A educação - A avaliação dos professores

A educação é, provavelmente, o sector mais importante para o desenvolvimento do país. Por esse motivo, não irei dedicar uma crónica só a este assunto, pois seria longa demais e irei opinar, em várias crónicas, sobre alguns dos assuntos mais importantes. Opinarei acerca das “novas oportunidades”, acerca da tentativa de manter no sistema todos os jovens, acerca da avaliação dos alunos, neste caso opinarei acerca da avaliação dos professores e falarei de outras vergonhas e tentativas de destruição do ensino público e das tentativas de destruição do ensino em geral – do primário ao superior – que têm sido feitas desde o 25 de Abril.
No sábado passado houve uma manifestação em Lisboa onde estiveram presentes cerca de 120 mil pessoas (digo pessoas e não professores, pois certamente houve muita gente que lá compareceu para mostrar o seu desagrado face ao governo liberal/socialista de José Sócrates) a protestar contra a avaliação dos professores. Creio que quase toda a gente tem um familiar, um amigo ou um conhecido que é professor ou já ouviu histórias do que se anda a passar nas escolas, e sabe que o ensino está à beira do descalabro, sendo que o tempo que obriga os professores a preencher papeladas, a definir objectivos, a reunir-se com outros, a assistir a aulas para avaliar colegas, etc., é completamente contrário àquilo que se pretende que faça: ensinar. É absolutamente absurdo que um professor, com esta avaliação pretendida pela ministra, passe a maior parte do tempo a fazer coisas que não têm nada a ver com ensinar mas com o avaliarem-se uns aos outros.
Depois vem o esquema das quotas para as classificações. Ou seja, se uma escola tiver os melhores professores e outra os piores, alguns dos melhores não poderão ter a nota máxima e alguns inferiores poderão. Injusto!
Outro assunto que me causa dores de morte, é o facto de não saber o que acontece a quem obtiver más notas. Parece-me que não irá acontecer nada, o que me sugere que a avaliação dos professores não serve para se corrigir nada, serve apenas para não se aumentar os vencimentos a uma classe que, sem dúvida nenhuma, tem um desgaste terrível com uns alunos cada vez mais indisciplinados e aos quais cada vez se tem menos mecanismos para os disciplinar, e de uns pais cada vez mais cegos e que, perante a indisciplina dos filhos, em vez de lhes darem os devidos correctivos que devem ser dados enquanto são crianças, ainda se viram contra os professores e ainda os agridem, em vez de lhes agradecer por tentarem fazer alguma coisa de miúdos que, a maior parte das vezes, nunca serão nada na vida.
Aliás, e usando aqui um pouco de ironia, segundo parece, o governo nem tem grandes motivos para andar a tentar avaliar os professores, pois, a avaliar pelas notas dos exames nacionais, parece que temos professores cada vez melhores e alunos cada vez mais inteligentes e estudiosos! Todos os professores merecem é ganhar muito mais, pois os alunos conseguem cada vez melhores notas, portanto tudo corre sobre rodas e cada professor merece cada cêntimo que ganha, por isso a avaliação deve ser só uma: excelente para todos!
A avaliação tem que ser feita pelas notas que os alunos têm em exames nacionais RIGOROSOS (não a “palhaçada” que têm sido estes), obviamente corrigidos pelas notas dos anos anteriores da escola onde o professor lecciona. Porque é injusto que um professor, pelo facto de estar a dar aulas numa escola onde a generalidade dos alunos provêm de classes altas, onde são apoiados em casa, onde têm explicações, etc., seja avaliado só pelas notas que os alunos obtêm nos exames nacionais, quando outro, que até pode ser melhor mas está a leccionar numa escola suburbana onde as crianças são deixadas entregues a si mesmas, nem são apoiadas em casa, certamente terá piores resultados por parte dos seus alunos nos exames nacionais. Assim, a avaliação deverá ter em conta o histórico dos resultados dos alunos da escola nos exames nacionais nos últimos anos e se o professor conseguiu que os alunos subissem, descessem ou mantivessem as notas. Parece-me simples, claro, sem burocracias, sem reuniões, sem papéis e, sobretudo, sem o constrangimento de um professor avaliar outro e de uma forma perfeitamente objectiva, que são os resultados que os seus alunos conseguem obter em exames nacionais. Mas eu sei porque é que isso não se faz; não se faz porque os exames são cada vez mais fáceis para mostrar nas estatísticas e assim seria muito difícil não dar excelentes notas aos professores e, consequentemente, pagar-lhes mais. Então a ministra tem um dilema: para mostrar estatísticas de exames muito bons, teria que dar boas notas a todos e pagar-lhes mais; para dar más notas aos professores e não lhes pagar mais, seria o descalabro nas notas dos alunos cada vez mais ignorantes. Desculpem a repetição exaustiva de “pagar-lhes mais” , mas é disto que se trata esta avaliação desta maneira: é, única e exclusivamente, “não lhes pagar mais”.
Para terminar por hoje, só mais um desabafo. Não imaginam as dores de morte que eu tenho quando me lembro que há uns anos atrás, quando andava na escola e no liceu, ouvia os meus pais dizerem que nós já não aprendíamos nada. Agora, ao olhar para a juventude que anda a estudar, sinto as dores de morte que os meus pais sentiam quando me viam a mim. Ouço dizer que antes os alunos tinham 4 anos de ensino obrigatório e tinham que aprender o básico nesses anos; passou a 6 e passaram a ter 6 anos para aprender o básico; depois 9; vamos passar, qualquer dia, a 12; e os alunos chegam cada vez mais ao 12º ano sem saber ler, sem saber interpretar o que lêem, sem saber história, literatura, filosofia, sem saber a tabuada, sem conseguirem ter um pensamento mais abstracto, em suma, sem saberem pensar. Tenho dores de morte quando vejo que o ensino e, portanto, o país, está a ir para o buraco!

sábado, 8 de novembro de 2008

Nacionalização do BPN.

Nacionalizaram o BPN. Proferir esta palavra, até há uns meses atrás, seria quase um sacrilégio. Pareceria que estávamos a voltar ao tempo do PREC (Processo Revolucionário Em Curso), dos negros e longínquos anos de 1975. Como sabem, não sou comunista – bem pelo contrário – mas neste aspecto (como em muitos outros, não me choca dizê-lo) partilho a mesma opinião do PCP: ao mesmo tempo que se nacionalizam os prejuízos do BPN, continuam-se a privatizar os lucros da GALP, da REN e de outras empresas fulcrais para a economia nacional, que passam a estar na mão de empresas, muitas vezes estrangeiras, que nada se interessam com os interesses de Portugal; ou seja, empresas importantes para o desenvolvimento e para o bem estar de Portugal e dos portugueses, que deveriam estar nas mãos do Estado para que este pudesse geri-las de forma a fomentar a economia nacional, passam para as mãos dos privados a servir apenas e exclusivamente os lucros de alguns. Mas quanto a este assunto puramente doutrinário, terei oportunidade de escrever um dia, onde mostrarei que a direita, a verdadeira direita, não é liberal, não defende a selva do capitalismo selvagem, nem acredita que o mercado – ”a mão invisível” – leva ao equilíbrio, ou leva à melhoria de todos mas antes a alguns meterem a “mão invisível” no bolo todo e a deixar a esmagadora maioria ficar com as migalhas do festim que, entre outras consequências nefastas, levam ao esgotamento do planeta e ao aquecimento global. Percebem, portanto que não sou favorável à privatização de empresas como a GALP, a EDP (partida aos bocados em EDP, EDP Renováveis, REN, etc., para dar mais dinheiro vendida às postas), águas, comboios, CTT, PT, hospitais e outras.
Mas estou aqui hoje para dar a minha opinião acerca da nacionalização do BPN. E a minha opinião é que não deveria ter sido nacionalizado só o banco. O BPN faz parte de um grupo que tem, ou não, capacidade de salvar o banco; por isso, das duas, uma: ou o grupo salva o banco, ou não salva; se salva, não é necessário nacionalizar; se não tem capacidade, ao Estado compete nacionalizar o grupo todo, não só a parte do grupo que dá prejuízo.
Já agora, só mais duas notas.
Uma, acerca da actuação do Banco de Portugal, que paga principescamente ao seu governador (circula na internet um mail que fala que Vítor Constâncio ganha cerca de duas vezes o que ganhava o antigo presidente da FED, banco central dos EUA) e aos outros funcionários (que me lembro ser-lhes exigido nota mínima de licenciatura de 14 valores) e que tem sido desastrosa: desde o caso BCP até ao caso BPN tem mostrado que não controla nada e que não faz nada, ou seja, não serve para nada – faz várias previsões de alguns indicadores macroeconómicos do país e em que, apesar de ir mudando de opinião a cada 3 meses, nunca consegue acertar (Ah! Também vem dizer que os salários dos outros não podem aumentar!) – pois já nem sequer é responsável pela política monetária e financeira de Portugal desde que aderimos ao euro.
Outra nota, e para descontrair um bocado (a ignorância dos jornalistas, quando não é para chorar, dá para nos rirmos um bocado), tem a ver com uma notícia que ouvi há pouco na televisão, e em que se falava acerca de o Liedson também passar a poder jogar pela selecção assim que fosse “nacionalizado”. Como já referi atrás, acho que alavancas importantes para a economia nacional deviam estar nas mãos do Estado, mas não me parece que devamos “nacionalizar” o Liedson, pois acho que os bens dele, por muito que me dessem jeito a mim, não são factores de desenvolvimento do país. Eu ainda sou do tempo em que não havia cursos de jornalismo e os jornalistas não diziam tantas asneiras. Agora tiram cursos superiores para serem jornalistas e as bacoradas são cada vez mais arrepiantes: não saber distinguir “naturalizar” de “nacionalizar” é inadmissível, ainda mais por parte de uma classe que faz notícias e reportagens a crucificar as outras profissões pelos erros (humanos) que vão dando.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Importam-se que eu seja branco?

Barack Obama ganhou as eleições presidenciais nos EUA. Dizem que a mudança vai chegar (eu duvido que seja assim tanta como se espera, pois uma coisa é ser candidato a presidente, outra é ser presidente); dizem que um negro conseguiu chegar à presidência e que isso é bom; diziam que um negro chegar à presidência da África do Sul também era bom e tem-se visto como aquele país caminha para o abismo. Mas não é contra negros que estou aqui a escrever, pois não considero Barack Obama igual a Nelson Mandela, nem os Estados Unidos são a África do Sul, nem considero que Obama vá levar o seu país para onde Mandela e os seus sucessores levaram e continuam a levar cada vez mais o deles. Não, não estou aqui a escrever contra negros, estou aqui a reivindicar, para mim e para tantos outros, o direito de ser branco e gritar ao mundo que SER BRANCO NÃO TEM NADA DE MAL!
E digo isto porque às vezes parece que temos que ter vergonha de ser brancos. Parece que temos que ouvir na televisão negros que vivem em Portugal dizerem que não gostam dos brancos, que detestam Portugal, alguns deles que só são portugueses porque lhes dá jeito e ninguém diz nada contra isso, antes pelo contrário, dizem que os negros são coitadinhos e que se vivem mal é por nossa causa, por causa dos que continuam a levantar-se de manhã para ir trabalhar para dar casas e subsídios aos negros (e não só, é verdade, também para os ciganos e outros brancos preguiçosos), mas se um branco disser a mais pequena coisa contra um negro, cai logo o Carmo e a Trindade; parece que os negros podem ter armas e mostrá-las na televisão e a polícia não pode fazer rusgas nos bairros onde eles estão – porque é racismo e vem logo o SOS Racismo e o Bloco de Esquerda – , mas se um branco mostra uma arma – como foi o caso do outro skinhead do qual nem me lembro do nome – vai lá logo a polícia no dia a seguir prendê-lo; parece que vários negros podem espancar um branco (e aqui estamos a falar de violência urbana), mas vários brancos não podem espancar um negro, porque é racismo; parece que é legítimo e louvável que os negros nos EUA se vão em massa recensear e votar, com o único fim de irem votar num negro, mas não é legítimo um branco ir votar num candidato porque é branco… E reparem que isto não é nada contra os negros, é apenas pelo direito de igualdade que nós, brancos, devemos ter em relação aos negros. Se eu fosse americano, provavelmente, até teria votado Obama, mas assim como reconheço que é legítimo os negros votarem em Obama apenas pelo facto de este ser negro, não queiram tirar o direito a qualquer branco de votar em McCain porque ele é branco!
E finalmente, nunca ouvi ninguém na televisão ou qualquer partido de esquerda condenar Robert Mugabe, no Zimbabué, por ter políticas racistas contra os brancos, dando permissão a que fazendas fossem ocupadas e fazendeiros mortos, pelo simples facto de estes serem brancos; sim, porque cidadãos zimbabueanos eram espoliados e mortos pelo simples facto de serem brancos, sendo as fazendas abandonadas após as colheitas (criando fome e pobreza num dos outrora mais ricos países de África, hoje um dos países mais pobres do mundo, com fome, refugiados, miséria, corrupção). Mas no tempo em que a África do Sul segregava os negros (nada comparado com a segregação dos brancos no Zimbabué) era o fim do mundo e ninguém se calava.
Ah! E já sei: pelo facto de reivindicar aqui os mesmos direitos para os brancos que os negros usufruem, já vou ter um rótulo (este é o país do rótulo a quem não entoa o zurro geral – homófobo, fascista, racista, retrógrado, etc.), o bonito rótulo de racista. Mas não se preocupem, que com rótulos postos por indivíduos acéfalos, posso eu bem!
O que eu não posso é com esta discriminação de que eu e outros milhões de brancos somos alvo, e que me causa dores de morte…