quinta-feira, 14 de maio de 2009

Coitadinhos...


Nos últimos dias tem havido uns pequenos desacatos num bairro de Setúbal. Há uns meses atrás houve uns num de Loures. Antes ainda houvera na Amadora. Há uns anitos atrás houve uma arrastão numa praia (ai, desculpem, parece que a malta do Bloco de Esquerda acabou por descobrir que não foi arrastão, foi só uma malta a dançar hip-hop que, sem querer, trouxe as carteiras do pessoal, bem como relógios, fios de ouro e prata e telemóveis agarrados aos pés). Enfim, tal como na época do arrastão, nos outros casos apareceram sempre os senhores da esquerda a justificar os actos de malta que devia ser presa e/ou expulsa de Portugal; aparece nestas alturas sempre gente a justificar o que estes “jovens” (assim são chamados) fazem e, inclusivamente, a dar-lhes razão pelo que fazem. Aparecer a dizer que estas coisas acontecem por mil e uma razões e que os vândalos que não respeitam nem a paz nem a ordem ainda são as vítimas disto é, além de uma refinada mentira, um incentivo a que esta gente continue a agir como age.
Porque a verdade, toda a gente sabe disso (e se diz que não sabe ou é ingénuo – para não chamar coisa pior – ou é mentiroso), é que aquela malta é uma malta privilegiada em relação à maior parte da população: é uma malta que recebe casas de borla sem ter que se preocupar com a euribor ou com os spreads; é uma malta que vive do rendimento mínimo e não tem que se preocupar se a empresa onde trabalha vai ou não à falência; é uma malta que tem escolas (das quais não quer saber), hospitais, estradas, iluminação, etc. sem se preocupar em trabalhar e produzir para pagar isso; é uma malta que tem os carros, a roupa, os telemóveis ou o que lhe apetecer porque os rouba a quem “salta da cama” de manhã para ir trabalhar. Enfim, é uma cambada de inúteis que deveria ser violentamente repudiada por todos, que não faz mais nada do que estar no ócio, roubar e tornar a vida de quem trabalha para os sustentar num inferno.
E o pior é que a comunicação social ainda mostra as coisas como se eles fossem as vítimas; que a comunicação social dê voz a quem não tem razão nem vergonha de andar à viver à custa de todos; que a comunicação social ainda mostre, como eu vi, pessoas daquele bairro a dizer que estão a protestar porque a polícia os maltrata, porque matou mais um e já não são dois nem três que são mortos pela polícia, como se aquela escumalha tivesse sido morta por andar a dar milho aos pombos; como se fosse um pobre “jovem” que não estava a fazer mal nenhum e a polícia – malandros – mataram o rapazinho. Porque o tal “jovem” que foi morto, involuntariamente, pela polícia, era um bandido com uma cadastro recheado de crimes, um indivíduo que nunca seria mais nada na vida do que um bandido e que – fiquem chocados se quiserem, mas é a minha opinião – não deve, sequer, a sociedade fazer mais do que soltar um suspiro de alívio por haver menos um bandalho à solta. Porque a mim choca-me que se perca mais tempo com a morte de um inútil e miserável ladrão do que com um honrado funcionário de uma bomba de gasolina, de um supermercado ou proprietário de uma ourivesaria que estavam a trabalhar e são mortos por lixo como este.
E isto porque estamos, com a desculpabilização em vez da forte e severa repressão, a abrir caminho para uma sociedade onde os nossos filhos não possam viver em segurança e que sejam escravos destes selvagens que, por mais que se lhes dê nunca nada chega e onde teremos uma espécie de escravatura, pois serão cada vez menos a trabalhar para sustentar esta malta para ver se eles nos deixam mais ou menos tranquilos (mesmo assim, pouco tranquilos, e cada vez menos).
Repugna-me que aqui apareça a igreja católica de braço dado com o bloco (que é quem a quer ver cada vez mais de rastos e não quem a apoia) a dizer “coitadinhos dos jovens, que têm problemas sociais, que não têm emprego…”. Mas algum daqueles indivíduos quer trabalhar? Mas algum deles alguma vez procurou emprego? Mas algum deles trocaria a vida que leva, onde não faz nada e tem tudo (seja de mão beijada, seja a roubar, seja a vender droga) por ter que se levantar cedo, passar o dia a “vergar a mola” e chegar ao fim do dia estafado? Acho piada quando dão exemplo de malta daquela que vingou no mundo da música ou do futebol, mas não mostram dos que conseguiram sair daqueles bairros com uma profissão normal, pois isso só mostra que a esmagadora maioria daquela gente só dali quer sair se for para ser muito rica a praticar desporto ou a cantar; de outro modo, não é com eles. Em vez de andar na roubalheira de telemóveis, bancos, ourivesarias, multibancos, lojas da “NIKE”, e já que não têm nada que fazer, porque não roubar umas enchadas, uns sachos, uma luvas, umas sementes e não se põem a cultivar os terrenos mais próximos e a tirar da terra algo que ajude o sustento? Dizem que isto acontece devido à pobreza, então por que motivo no tempo de Salazar não havia esta pouca vergonha e as pessoas pobres, em vez de se porem a apedrejar a polícia, a queimar carros, contentores do lixo e ecopontos, ia “vergar a mola” e cultivar a terra até ao último centímetro quadrado? Porque antigamente, se não se trabalhasse ninguém lhe dava nada e ainda se lhe chamava vagabundo e hoje diz-se, dos vagabundos preguiçosos e violentos, que são uns coitadinhos, que são umas vítimas, dá-se-lhes tudo de mão beijada e ainda se desculpa toda a porcaria que fazem e, em troco por nos enfernizarem a vida, ainda se propõem dar-lhes mais em troca de umas tréguas temporárias!
Em vez de continuarmos a assobiar para o lado e a pedir-lhes para, por favor, se limitarem a viver e reproduzir-se à nossa custa a troco de dinheiro, devíamos ir à raiz do problema (sem descartar, como já disse, o remédio, ou seja, a repressão violenta) e a raiz está nas leis penais, na lei de estrangeiros e na lei da nacionalidade.
Não é admissível que se dêem regalias a bandidos pelo simples facto de terem nascido em Portugal. Porque razão se há-de dar a nacionalidade portuguesa ou não permitir a expulsão do país a indivíduos que não prestam, só pelo simples facto de terem nascido em Portugal? Então se eu tivesse nascido em França, num passeio dos meus pais, era francês? Então eu não posso expulsar do meu país um indivíduo que não é filho de portugueses e que só anda a enfernizar-me a vida só porque ele nasceu cá? Mesmo sabendo que ele não gosta de mim, que odeia o meu país e as suas gentes e que apenas se aproveita do facto de cá ter nascido para usar de certos privilégios (nacionalidade ou o impedimento de expulsão por ter nascido em Portugal), para fazer o que lhe apetece, ir contra todas as leis e regras da nossa sociedade, porque sabe que não o podem recambiar para o seu país de origem, eu não posso fazer nada e, antes pelo contrário, ainda tenho que o sustentar e conviver com o crime que ele comete? Então é aceitável que bandidos que são sistematicamente detidos por cometer os mais diversos crimes desde os 13 anos andem à solta? É aceitável que estes bandidos, pelo facto de cometerem crimes cuja moldura penal é inferior a 3 anos (quando não são crimes mais graves) poderem andar a ser sistematicamente detidos e logo postos em liberdade? É aceitável que neste país se faça um julgamento sumário a quem é apanhado com 1,2 gramas de álcool no sangue e não a um bandido apanhado a roubar, e ainda mais quando a sua “folha” é mais extensa que as escadas do Bom Jesus de Braga?
Só para terminar e não me alongar muito mais, vou aqui publicar uma carta que recebi na minha caixa de correio electrónico; não sei se é verdadeira ou não, mas o que interessa é que, mesmo que não o seja, poderia ser:

*Carta enviada de uma mãe para outra mãe em São Paulo, após um noticiário na TV:

De mãe para mãe...

'Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de televisão contra a transferência do seu filho, menor, infractor, das dependências da prisão em São Paulo para outra dependência prisional no interior do Estado de São Paulo.
Vi você se queixando da distância que agora a separa do seu filho, das dificuldades e das despesas que passou a ter, para visitá-lo, bem como de outros inconvenientes decorrentes daquela mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os média deram a este facto, assim como vi que não só você, mas igualmente outras mães na mesma situação que você, contam com o apoio de Comissões Pastorais, Órgãos e Entidades de Defesa de Direitos Humanos, ONG's, etc...

Eu também sou mãe e, assim, bem posso compreender o seu protesto. Quero, com ele, fazer coro. No entanto, como verá, também é enorme a distância que me separa do meu filho.
Trabalhando e ganhando pouco, idênticas são as dificuldades e as despesas que tenho para visitá-lo.
Com muito sacrifício, só posso fazê-lo aos domingos porque labuto, inclusive aos sábados, para auxiliar no sustento e educação do resto da família. Felizmente conto com o meu inseparável companheiro, que desempenha, para mim, importante papel de amigo e conselheiro espiritual.

Se você ainda não sabe, sou a mãe daquele jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto a um vídeo-clube, onde ele, meu filho, trabalhava durante o dia para pagar os estudos à noite.

No próximo domingo, quando você estiver abraçando, beijando e fazendo carícias ao seu filho, eu estarei visitando o meu e depositando flores na sua humilde campa rasa, num cemitério da periferia...

Ah! Já me ia esquecendo: e também ganhando pouco e sustentando a casa, pode ficar tranquila, pois eu estarei pagando de novo, o colchão que seu querido filho queimou lá, na última rebelião de presidiários, onde ele se encontrava cumprindo pena por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA apareceu nenhum representante dessas 'Entidades' que tanto a confortam, para me dar uma só palavra de conforto, e talvez indicar quais "Os meus direitos".

Para terminar, ainda como mãe, peço "por favor": Faça circular este manifesto !
Talvez se consiga acabar com esta (falta de vergonha) inversão de valores que assola o Brasil e não só...
Direitos humanos só deveriam ser para "humanos direitos" !!!

Dores? Mas quem tem dores?