sexta-feira, 16 de outubro de 2009

A educação - A escola inclusiva.

Como já algumas vezes aqui escrevi, o que se está a fazer neste país em relação à educação é um crime. E diria que é um dos maiores crimes que o governo está a cometer contra o futuro de Portugal e contra a actual juventude. O governo está a condenar os nossos jovens à ignorância e, consequentemente, à pobreza.
A teoria da escola inclusiva, em que não se faz a distinção entre os bons e os maus alunos, em que todos vão passando sem saber nada, em que se obriga quem não quer estudar a frequentar e desestabilizar as aulas (impedindo quem quer aprender de o fazer, sem que os professores possam fazer nada contra isso), em que se retira autoridade aos professores e se obriga estes a perderem mais tempo com burocracias inúteis do que a dar e a preparar aulas, vai levar, acima de tudo, à escola exclusiva. E digo isto porque se está a deteriorar a qualidade do ensino público, a conceder graus à ignorância e à incompetência, enfim, está-se a condenar as gerações futuras. E porque se está a fazer com que os filhos dos pais ricos, vendo para onde isto está a ir, ponham os filhos em escolas privadas de qualidade, onde o ensino é rigoroso, onde há disciplina e onde se aprende alguma coisa, e a fazer com que os filhos dos pobres ou dos remediados (que são cada vez mais), que não têm dinheiro para isso, fiquem em escolas onde a bandalheira e a má qualidade do ensino (sem que esta seja culpa dos professores) é cada vez maior e a condenar estes à pobreza no futuro. Está-se, no fundo, e contra o que pretendem (ou dizem que pretendem) a ministra da educação e os seus secretários de Estado (que duvido que tenham os filhos na escola pública), a provocar a exclusão, a exclusão de conhecimentos e de mobilidade social.
Porque no meu tempo, a escola pública ainda tinha alguma qualidade, toda a gente estudava até onde queria ou podia e, filhos de ricos ou de pobres, tinham as mesmas oportunidades de aprender. É isto que se está hoje a negar à maior parte dos nossos jovens, que não têm dinheiro para escolas privadas: a oportunidade de aprender. E porque esta concessão de graus sem os respectivos conhecimentos vai levar a que, no futuro, os melhores empregos sejam dados aos filhos dos que tinham dinheiro para os pôr a estudar num colégio decente e onde aprenderam alguma coisa. Porque o facilitismo leva à ignorância e ninguém quer ter um ignorante a trabalhar na sua empresa, a menos que seja como trabalhador não qualificado e com baixo salário. E trabalhadores não qualificados e ignorantes é o que o ensino público está a criar neste momento. Não deixa de ser curioso que seja um governo dito socialista que está a condenar os filhos dos pobres à pobreza e a dar uma mãozinha a que surjam escolas privadas de qualidade para os filhos dos ricos! Não deixa de ser curioso que seja um governo dito socialista que está a transformar aquilo que eram antes a meia dúzia de colégios privados que existiam para os filhos dos ricos, quando não tinham capacidade para concluir o liceu, irem conseguir fazê-lo (e com boas notas), num negócio muito mais chorudo onde hoje terão que ir os filhos dos ricos que tenham capacidade de aprender e não queiram ficar pela mediocridade de conhecimentos que hoje, e cada vez mais, são administrados nas escolas públicas.
E a verdade está aí: os professores universitários queixam-se que cada vez os jovens chegam mais mal preparados às universidades e sem saber escrever ou pensar. E isto só pode levar a uma de duas coisas: ou eles chumbam a eito, ou os professores se conformam e aceitam também o facilitismo. E facilitar leva a não ter os conhecimentos desejados. E não ter os conhecimentos desejados leva à maior dificuldade em arranjar emprego qualificado, pois as empresas (pelo menos as que aspirem a sobreviver neste mundo globalizado) não querem burros incompetentes a trabalhar para elas. Daí que eu preveja que, num futuro próximo, comecem a aparecer universidades privadas de qualidade onde os filhos dos ricos, que já fizeram no privado o ensino básico e secundário, façam também os cursos superiores. Ou seja, tal como no secundário, também as universidades privadas deixarão de ser para onde vão os filhos dos ricos que não tenham capacidade de tirar um curso, e passarão a ser para onde vão os filhos dos ricos que queiram tirar um curso em condições e que tenha boas saídas profissionais, para lugares qualificados, bem pagos, e onde não se aceite um qualquer ignorante semi analfabeto e portador de um papel que diz que é licenciado.
Outra maneira de arranjar qualificações em Portugal, é alistar-se de pequenino numa juventude partidária, colar cartazes até à idade adulta e já estão obtidas qualificações para trabalhar para o Estado, num qualquer gabinete de secretário de Estado, de deputado, de vereador (isto para quem tem mais qualificações) ou num qualquer outro emprego menos bem remunerado. Mérito? Sabedoria? Para quê? Isto ainda vai dando para a mediocridade florescer e expandir-se. Ainda há quem trabalhe para sustentar mais uns quantos “jobs” para os “boys”, que obtiveram as mais altas qualificações através do bajular os mais antigos nas juventudes partidárias.
Isto é um crime que se está a passar em Portugal e estes senhores que fazem isto deviam ser julgados, condenados e punidos pela destruição do futuro próximo de Portugal, pela condenação à pobreza e emigração das gerações futuras. Porque voltaremos a ser exportadores de pedreiros (com licenciatura) ou lavadores de retretes dos países mais ricos (isto se eles ainda necessitarem de nós, como aconteceu nas décadas de reconstrução da Europa, a seguir à II guerra mundial – agora não sei se precisam).
E enquanto isso não acontece, as minhas dores de morte não têm qualquer alívio. Nem com comprimidos.

sábado, 10 de outubro de 2009

As eleições legislativas de 27 de Setembro de 2009.


Como podem suspeitar pelo meu longo silêncio, tenho andado com muita preguiça para aqui vir escrever o que me vai na alma acerca do que se vai passando em Portugal e no mundo. Mas, apesar de isso ser verdade, também não é menos verdade que poucos têm sido os assuntos que me têm feito ter vontade de escrever. Por isso, e correndo o risco de vir com um assunto que já é do passado, venho aqui escrever qualquer coisa acerca das eleições legislativas. Ora, acerca do longo bocejo que foi a campanha eleitoral das legislativas, consegui reter meia dúzia de ideias.
A primeira delas, foi o nosso primeiro-ministro no seu melhor: mais mentiroso do que nunca, voltou a prometer este mundo e o outro com a mesma cara sem vergonha de sempre, como se não tivesse lá estado estes anos e pouco mais tivesse feito do que aumentar impostos a quem trabalha, dar dinheiro a quem não quer trabalhar, proteger os criminosos e os imigrantes, destruir o serviço nacional de saúde, destruir o ensino público, fazer todos (excepto as clientelas dele) apertar o cinto, distribuir tachos, controlar a comunicação social e, no fim, deixar o défice e o desemprego pior do que os encontrou. Mas pronto, voltou a prometer, como diz o Jerónimo de Sousa, “como se quisesse pôr o conta-quilómetros a zero”. Atenção, esta falta de vergonha não foi nada surpreendente, foi Sócrates no seu normal!
No meio disto tudo, aparece a Manuela Ferreira Leite, com tanta matéria-prima para trabalhar e facturar, e perdeu a campanha toda em mexericos acerca das escutas, da asfixia democrática e ainda se embrenhou em contradições ridículas por causa do que se passa na Madeira, como se aquilo não fosse vergonhoso e as vitórias nas eleições não fossem, precisamente, devido à “asfixia democrática” e ao clientelismo e à obra feita à custa do dinheiro do continente e do endividamento, e essas sucessivas vitórias anulassem a maneira como são obtidas. Ou seja, tinha tanta coisa para falar, para atacar o primeiro-ministro (as que disse acima) e foi pelo caminho mais complicado e que menos interessa aos portugueses. O resultado final foi o que eu esperava.
Tivemos ainda um Francisco Louçã (que, como sabem, é uma personagem que eu detesto) em bom nível, a puxar casos vergonhosos para a campanha e a conseguir mostrar alguns dos podres desta nossa “democracia” e deste bloco central que nos tem desgovernado há mais de três décadas. Acho que esteve em bom nível, apesar de, no que toca às propostas, estou a anos luz dele e Deus me livre que fossem postas em prática, ou lá ia o desemprego para 50% e lá íamos ainda mais para o buraco em que o Sócrates nos meteu mais. O resultado foi decepcionante (não para mim, pois acho que devia ter ainda menos), comparado com o que se chegou a pensar devido às sondagens. Mas foi prejudicado no fim, por causa da velha e gasta história do voto útil a favor do PS.
Quanto à CDU, foi o costume: muita simpatia por parte do Jerónimo de Sousa, mas a mesma conversa gasta de sempre, talvez com o perder um pouco a vergonha de voltar a falar de nacionalizações, como se já todos tivéssemos esquecido ao que isso nos levou nos anos pós 25 de Abril. No meio de tudo, algumas bocas engraçadas ao Sócrates, mas nada de extraordinário, tal como os seus resultados, apesar do que apregoou.
O grande vencedor para mim foi, sem dúvida, Paulo Portas (que acabou por levar o meu voto, pois descobri, ao chegar à mesa de voto, que o PNR não tinha lista pelo distrito da Guarda!!). Apesar de tudo o que acho dele (desde o governo de que fez parte, até às histórias com Ribeiro e Castro ou Manuel Monteiro), não há dúvida nenhuma que foi um lutador, foi o homem que, dos 5 partidos do poder e que têm acesso à comunicação social, mais coisas acertadas disse e por isso teve um resultado extraordinário, com muita gente jovem das grandes urbes, surpreendentemente, a votar nele em vez das propostas da “ganza e do aborto” de Francisco Louçã. Parece-me um bom sinal de descontentamento da juventude contra as políticas de esquerda que têm vigorado em Portugal desde o dia do golpe militar de 1974. Parece-me que alguma juventude começou a abrir a pestana e a ver que a vida não são só charros e bandalheira e que as propostas da extrema esquerda, apesar de muito bonitas, são completamente utópicas e apenas levariam Portugal para a pobreza, como aliás o fizeram em todos os países onde estas se aplicaram.
Como nota muito importante desta campanha, ficaram os "insultos" que todos fizeram uns aos outros, desde o CDS ao BE, da CDU ao PS, do PS ao PSD, do PSD ao PS, do BE ao CDS. Foi com algum espanto que assisti a que, de repente, todos se andassem a chamar "Salazar" uns aos outros - ou "salazarento" (que é uma palavra que podia também ser criada a partir de Mário Soares: "soarento", uma palavra que definiria o acto de vender Portugal aos comunistas estrangeiros e meter a mão no que é de todos). Por um lado achei graça que um homem que morreu quase há 40 anos e que deixou dinheiro para esta gente roubar e enriquecer e para tantos outros políticos ainda hoje viverem à conta do que ele cá deixou, fosse tão utilizada na campanha eleitoral, prova de que a consciência desta corja de ladrões começa a ficar pesada e tentam, portanto, achincalhar o nome de alguém sério, competente e honesto (os fracos e mesquinhos costumam usar este tipo de estratagema, o de, para não parecerem tão reles, tentarem rebaixar os que lhes são, indiscutivelmente, superiores), mas por outro lado, perante o abuso da utilização do nome do Prof. Oliveira Salazar, a revolta apossou-se de mim e o nojo por esta malta subiu a níveis que eu não julgara possível. Como é possível que esta corja que há 35 anos anda a roubar o povo, que anda a levar o país para o colapso enquanto eles enriquecem e engordam à custa do trabalho de todos, como é possível que esta vara ouse utilizar sob a forma de insulto o nome de um homem que, quer a nível intelectual, quer a nível de competência, quer a nível de honestidade, quer a nível de princípios, lhes é de tal forma superior que eles nem aos calcanhares lhe chegam? Corja de bandalhos inqualificável, haviam de lavar a boca com sabão antes de pronunciar o nome deste homem, para não o conspurcarem!
Apesar de tudo, fiquei triste por a verdadeira direita continuar a ter votações ao nível do residual, sinal de que, apesar de algum abrir de olhos, as pessoas continuam presas àqueles 5 partidos, as pessoas continuam a não ser donas do seu próprio voto e a votar naqueles partidos que a comunicação social diz que têm hipóteses. A comunicação social continua a calar a voz dos pequenos partidos, a não lhes dar voz nos noticiários e, muitas vezes, a denegrir partidos como o PNR, acusando-os de tudo e mais alguma coisa em vez de se limitarem a apresentar as suas ideias sem juízos de valor, como o fazem, por exemplo, enquanto ouvem tolices como as da Carmelinda Pereira do POUS, que queria proibir os despedimentos (já agora, porque não proibir o crime também?). São estes ataques, esta censura e, por vezes (sistematicamente) a difamação – além do facto de aquela malta do poder, por influência da comunicação social, fazer crer às pessoas que os nossos votos só são válidos quando são neles, pois eles é que têm hipótese, como se no dia da votação, antes das urnas abrirem, eles já tivessem dentro da urna os votos quase todos: eles já são donos dos nossos votos! – que fazem com que as pessoas, apesar de, na realidade, pensarem bem à direita, irem votar no centro, na esquerda e na extrema-esquerda.
Antes de terminar, uma palavra acerca de sondagens que, sistematicamente, erram a favor dos partidos mais à esquerda (CDU, BE e PS) e em desfavor dos partidos mais ao centro (PSD e, sobretudo, CDS). Não querendo acreditar que a coisa é feita com má fé, sugiro que as amostras comecem a ser mais bem escolhidas e mais representativas da realidade nacional
Quanto à história das escutas e à comunicação ao país do presidente da república, nem quero comentar, por causa das dores…