quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

O pricípio do fim.


Portugal está a chegar ao limite. Mais de trinta anos após o golpe militar de Abril de 1974 estamos a chegar a um ponto de rotura. Portugal está endividado até às orelhas e um dia destes ninguém nos vai emprestar mais dinheiro e aí será o fim do mito de que os portugueses estão a viver melhor do que antes de 1974. Porque, tal como eu escrevi na fábula “O Zé”, temos vivido na ilusão de que vivemos melhor, mas isso tem sido devido ao “estoirar” do ouro que o considerado melhor português de sempre – António de Oliveira Salazar – nos deixou, aos fundos comunitários e ao monstruoso endividamento externo. Mas tudo isso está perto do fim e o ouro que sobrou já não dá para nada quando comparado com o que devemos (à data do 25 de Abril de 1974 o ouro dava para pagar a dívida externa e ainda sobrava). Ou seja, a história que nos tem sido contada há mais de 30 anos por quem nos rouba, está a acabar. E acabará o saque. E acabarão os rendimentos mínimos e os subsídios de desemprego e, no limite, os pagamentos a quem trabalha, ou seja, aos funcionários públicos. Porque no dia – que já esteve mais longe – em que nos fecharem a torneira dos empréstimos e ficarmos só a pagar o que devemos, o dinheiro não vai dar para quase nada e chegaremos à triste conclusão de que estamos piores que em 1974, o país não cria riqueza, não se desenvolveu, o ouro foi-se e estamos mais miseráveis que nunca.
E tudo isto porquê? Porque ao longo destes anos estivemos sujeitos a um saque constante e impune que a classe política tem feito ao erário público, roubando quanto pode; porque a classe política incentivou a “chulice” e a indigência de muitos portugueses que se recusam a trabalhar porque recebem rendimentos mínimos ou subsídios de desemprego em troca de votos; porque os governantes desbaratam dinheiro estupidamente, sem qualquer sentido, sinal de que não sabem nem se interessam em governar Portugal; porque esta malta que nos governa não tem qualquer problema, sequer de consciência, em desbaratar dinheiro em obras que nunca conclui (basta ver, de vez em quando, o programa da SIC, “Nós por cá”, para ver a quantidade de obras de milhões que ficam inacabadas ou até são para demolir sem nunca terem sido usadas), ou obras que custam milhares de euros em manutenção sem qualquer utilidade (ainda hoje ouvi que a Câmara de Leiria quer vender o estádio, pois aquilo custa, em manutenção e juros, 5000 euros por mês e há ainda o caso de estádio de Aveiro, que já o querem demolir, pois também não há dinheiro para manter aquilo), ou em derrapagens brutais no custo das obras públicas em Portugal.
Isto está podre: a justiça não funciona, a educação está de rastos, não há segurança, a ética e a moral deixaram de existir, as maternidades e centros de saúde estão a fechar, a economia está em ruínas, o endividamento externo está nos píncaros e a democracia não tem resolvido nada, antes pelo contrário, serve para legitimar a presença no governo de quem só lá quer estar para se encher e roubar quanto pode.
Estamos a chegar à conclusão que 35 anos de “Abril” puseram o país em ruínas, que a maior parte das pessoas já nem vai votar e em que a maior parte vota em quem nos rouba dizendo que “ele rouba mas faz” ou respondendo “não sei” quando se pergunta a algumas pessoas porque votaram neste ou naquele (conheço casos destes, mesmo por parte de pessoas com formação superior – que será da maior parte das pessoas, que, como sabemos, são ignorantes e analfabetas). Quando as coisas chegam a este ponto, é caso para perguntar: para que serve, afinal, a democracia? Para escolher quem nos vai roubar? Para legitimar ladrões? Meus amigos, eu, no meio das minhas dores de morte, prefiro não poder votar mas ter quem me governe, do que votar para escolher quem me vai roubar!

2 comentários:

Sebastião Batalha disse...

Muito me creio que isto vai estourar definitivamente no dia em que os rendimentos minimos, subsidios, abonos, avenças e pensões deixarem de ser pagos por impossibilidade de tesouraria.

Nesse dia o povo vai abrir os olhos da sua longa letargia. Pena ser já demasiado tarde nessa altura. Mas isso faz parte da história que eu prevejo para o futuro em Portugal e para o mundo em geral: uma regressão económica e social de mais de um século.

Abraço.

Paulo Lisboa disse...

Mais uma vez concordo quase integralmente com o que aqui está escrito apenas duas notas de possível discordância:


Quando dizes e passo a citar-te: «chegaremos à triste conclusão de que estamos piores que em 1974, o país não cria riqueza, não se desenvolveu, o ouro foi-se e estamos mais miseráveis que nunca.»

Apesar da chulice e do gamanço, estamos melhores que em 1974, mas só devido a estes factores:
- Houve um avanço tecnlógico de 35 que teve como consequência óbvia a melhoria das condições de vida.
- Portugal, apesar de tudo criou infra-estruturas que não havia ou havia em menor quantidade em 1974, como hospitais, escolas, universidades, estradas, auto-estradas, mais habitação, empresas inovadores, um bom sistema bancário etc,.
Mas é preciso ver que tudo isto foi feito com o dinheiro que se tem e sobretudo com o que não se tem. Como o ouro do Prof. Salazar, os vergonhosos empréstimos do FMI e os fundos europeus. Ou seja, estamos materialmente melhores, mas é uma riqueza com pés de barro, já que andamos a viver acima das nossas possibilidades.

Mas há numa coisa que mais do que nunca faço minhas as tuas palavras. Passo a citar-te: «Isto está podre: a justiça não funciona, a educação está de rastos, não há segurança, a ética e a moral deixaram de existir»

E de facto aqui estamos muito pior que antes de 1974. A justiça antes de 1974 funcionava e era melhor que a actual, tal como a educação, só era pena é que a boa educação de antes de 1974 chegasse a tão poucos portugues. Havia segurança nas ruas e no país em geral, hoje é o que se vê.
Em termos de ética e de moral o regime anterior era um regime sádio e honesto, onde não havia corrupção, a chulice, o gamanço e o esbanjamento de dinheiros públicos que existe agora. Além de ser um regime patriota, ao contrário deste regime que defende um internacionalismo de treta.