quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Subsídio de desemprego, rendimento mínimo e outras formas de parasitismo.

O Banco de Portugal descobriu a pólvora! Descobriu que em Portugal o período em que os “trabalhadores” recebem o subsídio de desemprego é demasiado longo e motivo de manutenção do mesmo. Parece que os iluminados descobriram que a duração média entre empregos de “trabalhadores” que recebem subsídio de desemprego é de 23 meses (quanto é que é o período máximo que se pode receber subsídio de desemprego?) e que isso se deve ao facto de os “trabalhadores” não quererem arranjar emprego porque estão a receber sem trabalhar! É nestas alturas que nós damos por bem empregue o dinheiro que gastamos com Vítor Constâncio e com todos os excelentes funcionários do Banco de Portugal. Nestas alturas e quando vêm em Março dizer que o crescimento vai ser de 2%, em Junho que vai ser de 1%, em Setembro que vai ser de 0,4% e em Dezembro que vai ser de 0%. Felizmente, o Banco de Portugal serve para fazer previsões acerca do crescimento da economia, da inflação, do desemprego e de outros indicadores macroeconómicos, dando valores diferentes em cada trimestre e acertando com o valor correcto já no fim do ano! Para além, claro, de pagar chorudos vencimentos a funcionários que tentam armar-se em profetas acerca do desempenho económico do país (os bruxos estão caros, mas também erram!) e de, de quando em longe, dizer coisas que o comum português se farta de dizer ao fim da tarde, defronte de um copo de tinto e de um pastel de bacalhau, na taberna da esquina! Pois está claro, descobriram (!!): a malta anda a sacar dinheiro sem ter que ir trabalhar, sem ter que se levantar cedo, sem gastar dinheiro em deslocações, sem ter que pagar creches porque fica com os filhos, sem ter que pagar a mulher-a-dias, e não procura emprego! E só quando se aproxima o fim da “mama” é que vai tratar de arranjar emprego! E ainda digo mais: com um bocadinho de esforço, se eles forem também à taberna do bairro ou da aldeia, vão-se aperceber que muitos até arranjam, mas só se for sem fazer descontos nem pagar impostos, que é para não perderem o subsídio de desemprego. E, quiçá, eles conseguirão aperceber-se que o rendimento social de inserção (vulgo rendimento mínimo) faz exactamente a mesma coisa: sustenta parasitas que não querem trabalhar (salvo algumas excepções, de gente que não pode mesmo trabalhar) e que se habituam a viver à custa de um pseudo direito de viver à custa de quem trabalha! É que já nem é um caso de pedido de esmola para viver, é UM DIREITO QUE ELES TÊM de viver à custa de quem trabalha, pelo qual não têm sequer que agradecer e do qual ainda se devem queixar pelo facto de ser pouco! Sim, porque quem trabalha, quem sustenta os filhos sem ajudas do Estado, quem se preocupa com a subida da euribor ou dos combustíveis, tem obrigação de apertar cada vez mais o cinto para ajudar “aqueles que mais precisam” (como é revoltantemente vulgar ouvir a nossa honesta e preocupada classe política dizer), ou seja, ajudar os parasitas da sociedade a procriar e a prosperar, criando um cada vez maior número de parasitas por cada trabalhador (que não tem dinheiro para poder ter filhos, nem recebe incentivos para isso), e assim, pondo em causa a sustentabilidade futura da segurança social e das reformas de quem desconta para elas.
Como complemento ao que estou a dizer, acrescento a esta minha crónica a notícia que ouvi hoje de manhã: uma empresa da área da construção de aparelhos eólicos, creio que em Viana do Castelo, não consegue produzir em pleno porque não consegue arranjar trabalhadores! E os sindicatos ainda têm o desplante de dizer que não conseguem arranjar trabalhadores porque pagam mal. Pois, parece que o Estado paga um pouco melhor a quem não quer fazer nenhum, do que as empresas a quem quer trabalhar. Abençoado Estado que tem estes “funcionários públicos” (os desempregados e a malta do rendimento mínimo) aos quais não lhes corta regalias nenhumas e ainda os incentiva ao parasitismo, que os afasta do trabalho, que consegue dificultar às empresas a obtenção de mão-de-obra, ao mesmo tempo que com os seus verdadeiros trabalhadores mais não tem feito que congelar vencimentos, impedir a progressão nas carreiras e atirá-los para a mobilidade especial, para lhes pagar menos. E isto, meus caros, dá-me umas dores de morte que só visto!

1 comentário:

Anónimo disse...

O problema do desemprego é antes de tudo uma injustiça intergeracional. O problema mais grave nem está naqueles que andam à procura do 1° emprego. Coitados, licenciados como eu que quando os pais não podem continuar mais a sustenta-los, sujeitam-se às mais variadas explorações de mão-de-obra para ganharem o sustento, enquanto procuram a primeira oportunidade profissional que tarda em chegar. O pior vem depois.
O desespero vem quando alguém se vê lançado no desemprego a partir dos 40 ou 45 anos (já para não falar dos cinquentagenários, demasiado velhos para o empregador e demasiado jovens para a reforma). São estes o grosso do "desemprego estrutural", a maior fatia do desemprego total.
O desemprego está longe de ser uma coisa de "parasitas". Senão vejamos. Segundo as ultimas estatísticas, Portugal tem 7,7% de desempregados. Isto, de acordo com a metodologia da OIT que considera que o trabalho remunerado de apenas 1 hora nos últimos 3 meses corresponde a uma situação comparável a quem trabalhe a tempo inteiro. Estamos de acordo que não é. Portanto, as estatísticas do desemprego estão sub-avaliadas face à realidade.
Digamos que existe realmente 10% de desempregados na economia portuguesa - o que eu acho pecar por defeito. Se desses 10%, metade é desemprego estrutural, quer dizer que num dado semestre houveram 5% que entraram e saíram do desemprego. Ou seja, houveram 10% da pop activa portuguesa que passou pelo desemprego durante os últimos 6 meses, a juntar aos outros 5% do desemprego estrutural. Se considerarmos que os desempregados têm pessoas na sua dependência, chegamos facilmente a valores da ordem dos 30% ou mais da população portuguesa (não confundir com a população activa).
Ou seja, 1 em cada 3 pessoas vive com problemas de desemprego na sua familia. Essas pessoas que ja estão em grande vulnerabilidade, ficarão ainda pior se lhes forem tiradas as ultimas regalias que lhes restam.
Uma ultima palavra para os senhores do Banco de Portugal. Se de facto é verdade que eles vão considerar os tais 23 meses como desemprego efectivo, gostaria de saber qual será tratamento previsto para os seguintes casos: desempregados de longa duração em regiões economicamente deprimidas do interior; maiores de 50 anos (especialmente mulheres). Se o Banco de Portugal ainda não previu estas situações, fico muito apreensivo relativamente à qualidade dos nossos economistas.