Anda aí um indivíduo que já todos sabiamos que era mentiroso e ladrão, mas que ainda não sabiamos que era vigarista. Agora já sabemos! Quem será? Eu não digo, pois tenho medo de falar! É que isto da democracia e da liberdade de expressão são tudo coisas muito bonitas, mas são só para alguns!
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
sexta-feira, 23 de janeiro de 2009
A educação - Novas Oportunidades e outras formas de facilitismo.
Houve um qualquer ministro do Salazar que parece que um dia disse que não queria proletários universitários. Esta frase foi repetida até à exaustão pelos nossos “democratas”, querendo com ela demonstrar o quanto o Estado Novo queria o povo ignorante. Não querendo defender ninguém, gostaria apenas que olhassem para as escolas primárias existentes por esse país fora, que olhassem para os liceus ou mesmo para as universidades de Coimbra ou Lisboa (as que conheço) e vissem quando foram elas construídas… Aliás, agora assiste-se é ao fecho de muitas escolas, sobretudo primárias, pelo país inteiro. Mas não é este assunto que me faz estar aqui neste momento.
O que me faz estar aqui neste momento a escrever-vos é o estado a que a educação está a chegar em Portugal. O estado é tanto mais grave quanto é sabido que a educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento do país, podendo eu aqui dizer que é CRIMINOSO que se esteja a destruir o ensino público em Portugal e a hipotecar o futuro do nosso país com medidas que apenas servem para mostrar lá fora estatísticas que nada têm a ver com a realidade em termos de conhecimentos dos alunos.
Cada vez se assiste mais ao facilitismo na progressão dos estudos, à dificuldade que os professores têm em reprovar um aluno, à indisciplina crescente e apoiada pela conivência dos responsáveis pela educação, à obrigatoriedade de manutenção dos estudantes no sistema de ensino, à proliferação de universidades privadas e institutos politécnicos e, o pavor dos pavores, a medida mais hedionda de que há memória no sentido de destruir a educação em Portugal: as “Novas Oportunidades”.
As notas dos exames estão aí, a mostrar subidas espectaculares, a mostrar que os alunos, num ano, subiram os seus conhecimentos de forma astronómica! Claro que essas notas são contrariadas, quer pelos especialistas das diversas áreas – que falam da extrema facilidade dos exames – quer por aquilo que se sente ao contactar com os actuais estudantes (dei algumas explicações de matemática a alunos do 7º e 10º ano, no ano passado, e é de ficar estarrecido – desde não saberem a tabuada nem contas de multiplicar, dividir, até outros conhecimentos básicos para os níveis de ensino que frequentam, e que, no meu tempo, era impensável não os ter). Hoje a maioria dos jovens estudantes não sabe ler, não sabe escrever, não sabe fazer contas, NÃO SABE PENSAR, não entende o que lê, não se sabe exprimir, além de não ter conhecimentos de história, de geografia, de filosofia, de literatura, NADA. O que sobra da malta jovem? Bons e cada vez melhores conhecimentos de informática, de inglês e… futebol, telemóveis, rock e cinema (especialmente pancadaria).
Outro ponto que referi acima é o da indisciplina, que vem associado à obrigatoriedade de permanência de indivíduos desinteressados no sistema de ensino e à dificuldade em reprovar um aluno. Parece-me justo que qualquer pessoa tenha o direito de não querer estudar; não me parece de pessoas de juízo que se obrigue quem não quer estudar a estar na escola uma infinidade de anos, sem aprender nada e a desestabilizar quem quer aprender, em nome de uma suposta luta contra o abandono escolar. Quem não quer estudar, não estuda e vai trabalhar. Até porque o facto de andar lá por obrigação não vai fazer com que aprenda nada, apenas fará com que o aluno ande a desestabilizar as aulas, e com a aprovação dos pais que, em vez de verem nele um indivíduo malcriado e a necessitar de correctivos urgentes, ainda o veem com uma vítima do malandro do professor. Assim como há aqueles que não têm capacidade para estudar acima de um certo nível; se não tem capacidade para estudar (porque não temos todos as mesmas capacidades), para quê deixar andar um rapaz ali, anos e anos, sem chumbar, mas também sem aprender? Alguém acredita que estas pessoas vão ser uma mais valia pelo facto de lhes darem um certificado de uma habilitação que eles, de facto, não possuem?
E por falar em certificados de habilitações que as pessoas não possuem, o que dizer da maior machadada na educação deste país: as “novas oportunidades”? As novas oportunidades, além de não qualificarem ninguém, pois ninguém lá aprende nada nem tem as disciplinas que os alunos têm na escola, são uma fonte de injustiça, ao colocar em pé de igualdade quem estudou e quem não estudou nada, e um incentivo à não aprendizagem dos mais jovens, pois saberão que um dia, sem esforço, poderão tirar o 12º ano sem estudar, nas “novas oportunidades”. Quem quer novas oportunidades, que estude à noite, como sempre se fez, que já tem os estudos mais facilitados, mas sem ser desta maneira vergonhosa que nem estudos tem! Não há direito que um indivíduo que não teve capacidade para acabar o ensino secundário, faça aí um “trabalheco” qualquer e lhe dêem equivalência ao 12º ano, pondo-o em pé de igualdade com quem se esforçou para tirar o 12º a sério. E ainda se propõem, muitos deles, já agora, a tirar cursos superiores, uma vez que também há aí, nesse sector, quem venda cursos superiores sem estudo, uns por terem essa vocação (a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior privado) ou por necessidade (a maior parte dos institutos politécnicos de cidades pequenas, que necessitam de alunos para receber financiamento de Estado central e que dão cursos superiores a indivíduos que, no meu tempo, teriam dificuldade em tirar o 9º ano). E o pior, meus amigos, é que já eu me lembro de ouvir os meus pais dizerem que o ensino, na minha altura, estava muito mais facilitado, que eles aprendiam muito mais que nós, faziam exames rigorosos e aprendiam muitas coisas em níveis de escolaridade mais baixos do que no meu tempo.
Ora, quando eu vejo o que isto descambou do meu tempo de estudante pré universitário para agora e me apercebo que já vinha descambando do tempo dos meus pais para o meu e ainda vejo criarem as “novas oportunidades” para darem certificados do 12º ano a semianalfabetos, eu fico com umas dores que são de morrer!
O que me faz estar aqui neste momento a escrever-vos é o estado a que a educação está a chegar em Portugal. O estado é tanto mais grave quanto é sabido que a educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento do país, podendo eu aqui dizer que é CRIMINOSO que se esteja a destruir o ensino público em Portugal e a hipotecar o futuro do nosso país com medidas que apenas servem para mostrar lá fora estatísticas que nada têm a ver com a realidade em termos de conhecimentos dos alunos.
Cada vez se assiste mais ao facilitismo na progressão dos estudos, à dificuldade que os professores têm em reprovar um aluno, à indisciplina crescente e apoiada pela conivência dos responsáveis pela educação, à obrigatoriedade de manutenção dos estudantes no sistema de ensino, à proliferação de universidades privadas e institutos politécnicos e, o pavor dos pavores, a medida mais hedionda de que há memória no sentido de destruir a educação em Portugal: as “Novas Oportunidades”.
As notas dos exames estão aí, a mostrar subidas espectaculares, a mostrar que os alunos, num ano, subiram os seus conhecimentos de forma astronómica! Claro que essas notas são contrariadas, quer pelos especialistas das diversas áreas – que falam da extrema facilidade dos exames – quer por aquilo que se sente ao contactar com os actuais estudantes (dei algumas explicações de matemática a alunos do 7º e 10º ano, no ano passado, e é de ficar estarrecido – desde não saberem a tabuada nem contas de multiplicar, dividir, até outros conhecimentos básicos para os níveis de ensino que frequentam, e que, no meu tempo, era impensável não os ter). Hoje a maioria dos jovens estudantes não sabe ler, não sabe escrever, não sabe fazer contas, NÃO SABE PENSAR, não entende o que lê, não se sabe exprimir, além de não ter conhecimentos de história, de geografia, de filosofia, de literatura, NADA. O que sobra da malta jovem? Bons e cada vez melhores conhecimentos de informática, de inglês e… futebol, telemóveis, rock e cinema (especialmente pancadaria).
Outro ponto que referi acima é o da indisciplina, que vem associado à obrigatoriedade de permanência de indivíduos desinteressados no sistema de ensino e à dificuldade em reprovar um aluno. Parece-me justo que qualquer pessoa tenha o direito de não querer estudar; não me parece de pessoas de juízo que se obrigue quem não quer estudar a estar na escola uma infinidade de anos, sem aprender nada e a desestabilizar quem quer aprender, em nome de uma suposta luta contra o abandono escolar. Quem não quer estudar, não estuda e vai trabalhar. Até porque o facto de andar lá por obrigação não vai fazer com que aprenda nada, apenas fará com que o aluno ande a desestabilizar as aulas, e com a aprovação dos pais que, em vez de verem nele um indivíduo malcriado e a necessitar de correctivos urgentes, ainda o veem com uma vítima do malandro do professor. Assim como há aqueles que não têm capacidade para estudar acima de um certo nível; se não tem capacidade para estudar (porque não temos todos as mesmas capacidades), para quê deixar andar um rapaz ali, anos e anos, sem chumbar, mas também sem aprender? Alguém acredita que estas pessoas vão ser uma mais valia pelo facto de lhes darem um certificado de uma habilitação que eles, de facto, não possuem?
E por falar em certificados de habilitações que as pessoas não possuem, o que dizer da maior machadada na educação deste país: as “novas oportunidades”? As novas oportunidades, além de não qualificarem ninguém, pois ninguém lá aprende nada nem tem as disciplinas que os alunos têm na escola, são uma fonte de injustiça, ao colocar em pé de igualdade quem estudou e quem não estudou nada, e um incentivo à não aprendizagem dos mais jovens, pois saberão que um dia, sem esforço, poderão tirar o 12º ano sem estudar, nas “novas oportunidades”. Quem quer novas oportunidades, que estude à noite, como sempre se fez, que já tem os estudos mais facilitados, mas sem ser desta maneira vergonhosa que nem estudos tem! Não há direito que um indivíduo que não teve capacidade para acabar o ensino secundário, faça aí um “trabalheco” qualquer e lhe dêem equivalência ao 12º ano, pondo-o em pé de igualdade com quem se esforçou para tirar o 12º a sério. E ainda se propõem, muitos deles, já agora, a tirar cursos superiores, uma vez que também há aí, nesse sector, quem venda cursos superiores sem estudo, uns por terem essa vocação (a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior privado) ou por necessidade (a maior parte dos institutos politécnicos de cidades pequenas, que necessitam de alunos para receber financiamento de Estado central e que dão cursos superiores a indivíduos que, no meu tempo, teriam dificuldade em tirar o 9º ano). E o pior, meus amigos, é que já eu me lembro de ouvir os meus pais dizerem que o ensino, na minha altura, estava muito mais facilitado, que eles aprendiam muito mais que nós, faziam exames rigorosos e aprendiam muitas coisas em níveis de escolaridade mais baixos do que no meu tempo.
Ora, quando eu vejo o que isto descambou do meu tempo de estudante pré universitário para agora e me apercebo que já vinha descambando do tempo dos meus pais para o meu e ainda vejo criarem as “novas oportunidades” para darem certificados do 12º ano a semianalfabetos, eu fico com umas dores que são de morrer!
Contas públicas equilibradas?
Tenho-me fartado de ouvir a mesma cantiga de há uns tempos a esta parte, vindo dos nossos governantes, nomeadamente por parte daquele que não tem por hábito dizer verdades (todos o conhecem, é aquele que diz que criou condições para que as taxas de juro baixassem – como se não tivesse sido o BCE a fazê-lo) e que reza que conseguiu equilibrar as contas públicas e ter margem orçamental para aumentar os gastos públicos; ouço-o também dizer que este é o menor défice da nossa democracia (duvidosa democracia esta, mas ainda assim, o que importa reter é que antes da democracia era hábito termos superavites e desde que vivemos em “democracia” sempre tivemos défices).
Ora isto é uma coisa que me mexe um bocado com o sistema nervoso, pois é tudo uma clara mentira o que esse senhor diz. Como pode ele falar que equilibrou as contas públicas e que conseguiu folga orçamental para aumentar os gastos, se há mais de 30 anos que o Estado vem gastando mais do que aquilo que recebe? Desculpem, mas conhecem alguém que possa viver mais de trinta anos a gastar mais do que o que ganha? E acham que um indivíduo que levasse essa vida ainda tinha motivos para dizer que tinha as contas em ordem e que já podia começar a gastar mais outra vez, só pelo simples facto de a diferença entre aquilo que recebeu e aquilo que gastou foi a menor dos últimos trinta e tal anos? É que o que se está a fazer há mais de 30 anos é a deixar dívidas para, mais tarde – não se sabe quando – alguém ter que as pagar. Porque não é possível gastar, sistematicamente, mais do que aquilo que se ganha, a não ser endividando-se (ou vendendo o que se tem, mas já não há muito mais empresas públicas para vender – só se voltarem a fazer como a seguir ao 25 de Abril: nacionaliza-se tudo e depois vai-se vendendo tudo outra vez). Ou seja, estamos a tornar-nos num país endividado, que está a hipotecar o futuro, gastando agora dinheiro que não se tem e deixando as coisas para os outros pagarem. Estamos com isto a condenar os vindouros à pobreza ou à emigração, pois o país assim não tem futuro.
O nosso primeiro-ministro poderia falar de equilíbrio das contas públicas e folga orçamental, se tivéssemos tido anos de superavit, onde tivéssemos acumulado dinheiro para gastar agora.
Mas o Sr. “Eng.” ainda falha noutra coisa: é que mesmo a redução que o défice teve, deveu-se, como toda a gente sabe, ao aumento da carga fiscal e ao facto de a máquina fiscal estar a apanhar faltosos antigos e não à redução da despesa, o que nos leva a pensar 3 coisas: a receita fiscal não pode continuar a aumentar muito mais, sob pena de se tornar incomportável para os contribuintes; estas receitas extraordinárias acabarão mais cedo ou mais tarde, quando a generalidade dos cidadãos forem cumpridores; o governo não conseguiu travar a despesa pública, e muito por causa de continuar a subsidiar a preguiça (rendimento social de inserção, subsídio de desemprego dado tempos sem fim, casas a quem não quer trabalhar – que eles chamam “habitação social” – , etc.) e pelo facto de continuar a meter clientelas políticas como trabalhadores do Estado (parasitas muito bem remunerados e sem fazerem nada, vindo até a dar mau nome à generalidade dos funcionários públicos que trabalham), que vêm compensar, e muito, a redução que se tem vindo a fazer nas pessoas que lá estavam a trabalhar; além, claro, de se continuar a, como diz o povo, “poupar no farelo e estragar na farinha”. Meus amigos: assim, eu não posso aguentar com tanta dor de morte!
Ora isto é uma coisa que me mexe um bocado com o sistema nervoso, pois é tudo uma clara mentira o que esse senhor diz. Como pode ele falar que equilibrou as contas públicas e que conseguiu folga orçamental para aumentar os gastos, se há mais de 30 anos que o Estado vem gastando mais do que aquilo que recebe? Desculpem, mas conhecem alguém que possa viver mais de trinta anos a gastar mais do que o que ganha? E acham que um indivíduo que levasse essa vida ainda tinha motivos para dizer que tinha as contas em ordem e que já podia começar a gastar mais outra vez, só pelo simples facto de a diferença entre aquilo que recebeu e aquilo que gastou foi a menor dos últimos trinta e tal anos? É que o que se está a fazer há mais de 30 anos é a deixar dívidas para, mais tarde – não se sabe quando – alguém ter que as pagar. Porque não é possível gastar, sistematicamente, mais do que aquilo que se ganha, a não ser endividando-se (ou vendendo o que se tem, mas já não há muito mais empresas públicas para vender – só se voltarem a fazer como a seguir ao 25 de Abril: nacionaliza-se tudo e depois vai-se vendendo tudo outra vez). Ou seja, estamos a tornar-nos num país endividado, que está a hipotecar o futuro, gastando agora dinheiro que não se tem e deixando as coisas para os outros pagarem. Estamos com isto a condenar os vindouros à pobreza ou à emigração, pois o país assim não tem futuro.
O nosso primeiro-ministro poderia falar de equilíbrio das contas públicas e folga orçamental, se tivéssemos tido anos de superavit, onde tivéssemos acumulado dinheiro para gastar agora.
Mas o Sr. “Eng.” ainda falha noutra coisa: é que mesmo a redução que o défice teve, deveu-se, como toda a gente sabe, ao aumento da carga fiscal e ao facto de a máquina fiscal estar a apanhar faltosos antigos e não à redução da despesa, o que nos leva a pensar 3 coisas: a receita fiscal não pode continuar a aumentar muito mais, sob pena de se tornar incomportável para os contribuintes; estas receitas extraordinárias acabarão mais cedo ou mais tarde, quando a generalidade dos cidadãos forem cumpridores; o governo não conseguiu travar a despesa pública, e muito por causa de continuar a subsidiar a preguiça (rendimento social de inserção, subsídio de desemprego dado tempos sem fim, casas a quem não quer trabalhar – que eles chamam “habitação social” – , etc.) e pelo facto de continuar a meter clientelas políticas como trabalhadores do Estado (parasitas muito bem remunerados e sem fazerem nada, vindo até a dar mau nome à generalidade dos funcionários públicos que trabalham), que vêm compensar, e muito, a redução que se tem vindo a fazer nas pessoas que lá estavam a trabalhar; além, claro, de se continuar a, como diz o povo, “poupar no farelo e estragar na farinha”. Meus amigos: assim, eu não posso aguentar com tanta dor de morte!
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Política governamental
sexta-feira, 9 de janeiro de 2009
Comprar coisas reparáveis?
Há pouco tempo estava a ver televisão, a mudar de canal para canal à espera de encontrar alguma coisa que me interessasse (há um anglicismo para este acto, mas eu não gosto muito de anglicismos e evito-os). Chego a um canal onde estava a dar um anúncio qualquer destes que agora estão na moda acerca de reciclagem e outros conselhos muito ecologistas e onde ouço uma coisa fantástica, do género “compre coisas de qualidade, que possam ser reparadas”! Fantástico! É nestas alturas que eu me convenço mais que o meu pai é um sábio, um visionário, uma mente incompreendida mas que, aos poucos, o mundo lhe vai dando razão. E fico feliz por ter crescido a ouvir as coisas sábias que ele dizia e que, no entanto, eram para os outros motivo de chacota. Mas como as coisas mudaram: hoje são eles que praticam certas coisas que antes criticavam e é ele que resiste a muita coisa que antes dizia que devia ser feita. Falemos, então, de reciclagem e de “coisas reparáveis” (só um cheirinho, pois isto levava-nos tão longe…).
Conta o meu pai que, antigamente, tudo era reciclado. Que havia quem vivesse de recolher papel, vidro, metais, peles de coelho, etc.. Foi assim que ele cresceu. E, durante muitos anos, eu lembro-me de o meu pai juntar centenas de quilos de papel e ir vender a 5 escudos o quilo (não ficava nem mais rico, nem mais pobre, mas isso dava-lhe gozo). O mesmo para o vidro, mas em menos escala. Quando qualquer coisa se avariava lá em casa, fazia os possíveis por repará-la. Ora, isto era o motivo da maior chacota por parte de quem auferia de rendimentos muito mais baixos que os dele: “mas um homem que tem o ordenado que tem, tem necessidade disso?”.
Pois bem, acabaram-se os sítios onde o meu pai ia vender os seus produtos recicláveis e lançou-se uma campanha de marketing na televisão a falar aos ignorantes que a poluição era muita, que havia produtos que não se deviam misturar no lixo normal e que deveriam ser deitados em sítios próprios para serem reciclados. E os ignorantezinhos, que antes se riam do facto e o meu pai juntar e vender esses tais produtos recicláveis e receber algum por isso, passaram a separar, a juntar, e a ir entregar isso nos tais recipientes, sem que lhes paguem nada e deixando meia dúzia de espertalhões “abotoarem-se” com o esforço do seu trabalho (se o papel era pago ao quilo ao meu pai por um indivíduo que o ia vender a empresas de papel e isso dava para os dois ganharem algum, hoje hão de ser essas empresas que fazem a recolha que se hão de “abotoar” com todo – o qual é muito mais, pois todos os “carneirinhos” lá vão pôr o papelinho como a televisão manda, inclusivamente fazendo comparações entre os “carneirinhos” da reciclagem e macacos!). Foi aí que o meu pai deixou, e com razão, de reciclar: pois se antes lhe pagavam para o fazer, porque motivo há-de ele fazer agora se deixaram de lhe pagar? Mas pronto, esta da reciclagem já vem de há uns anos, parece que os macacos já a sabem fazer e até já estão habituados a ela.
O que eu estranhei foi mesmo o apelo a que se comprassem coisas de qualidade e que pudessem ser reparadas! Que sacrilégio para o capitalismo! Então isso diz-se? Se se reciclar, ainda há uma malta que se “abotoa” com o trabalho dos outros (o dos tais macacos recicladores), por isso está tudo bem para o capitalismo. Agora, se se repararem as coisas, como é que as empresas vão continuar a produzir mais e mais, e como é que vão continuar a aumentar os lucros e como é que o PIB vai continuar a subir até ao céu?! Meu Deus, o Capital precisa que se deitem fora coisas boas (reciclem-se) e que se continuem a produzir coisas que não precisamos. E os governantes precisam disso também, precisam de cada vez mais gente a trabalhar e a produzir para manter o seu nível de carga fiscal e para poderem manter o esquema de pirâmide da Segurança Social, em que é necessário cada vez mais população activa para pagar as reformas daqueles que já as pagaram ao longo da vida, mas cujo dinheiro foi usado para dar a quem não quer trabalhar (desculpem, “aos que mais precisam”!) e à classe política que tem que enriquecer cada vez mais rapidamente antes que isto “dê o berro” de uma vez por todas (abençoado Salazar, que lá esteve 40 anos e morreu remediado!), em vez der utilizado num fundo capitalizável e guardado para a altura em que as pessoas se reformavam.
Mas é este o nosso mundo, um mundo onde cada vez mais se começa a ver que o modelo capitalista em que vivemos está esgotado, é incomportável para o planeta e para o bem estar das pessoas, mas ao mesmo tempo os vícios que vêm de trás impedem que se organize o mundo como deve ser. Como é possível querer aumentar o PIB e o horário de trabalho e a população activa e ao mesmo tempo dizer às pessoas para poupar e para comprar coisas que se possam consertar em vez de deitar fora? Este paradoxo do mundo capitalista e das “democracias ocidentais” é mais uma coisa que outra coisa não faz do que me causar mais umas dorzitas de morte. E “dorzitas” é favor!
Conta o meu pai que, antigamente, tudo era reciclado. Que havia quem vivesse de recolher papel, vidro, metais, peles de coelho, etc.. Foi assim que ele cresceu. E, durante muitos anos, eu lembro-me de o meu pai juntar centenas de quilos de papel e ir vender a 5 escudos o quilo (não ficava nem mais rico, nem mais pobre, mas isso dava-lhe gozo). O mesmo para o vidro, mas em menos escala. Quando qualquer coisa se avariava lá em casa, fazia os possíveis por repará-la. Ora, isto era o motivo da maior chacota por parte de quem auferia de rendimentos muito mais baixos que os dele: “mas um homem que tem o ordenado que tem, tem necessidade disso?”.
Pois bem, acabaram-se os sítios onde o meu pai ia vender os seus produtos recicláveis e lançou-se uma campanha de marketing na televisão a falar aos ignorantes que a poluição era muita, que havia produtos que não se deviam misturar no lixo normal e que deveriam ser deitados em sítios próprios para serem reciclados. E os ignorantezinhos, que antes se riam do facto e o meu pai juntar e vender esses tais produtos recicláveis e receber algum por isso, passaram a separar, a juntar, e a ir entregar isso nos tais recipientes, sem que lhes paguem nada e deixando meia dúzia de espertalhões “abotoarem-se” com o esforço do seu trabalho (se o papel era pago ao quilo ao meu pai por um indivíduo que o ia vender a empresas de papel e isso dava para os dois ganharem algum, hoje hão de ser essas empresas que fazem a recolha que se hão de “abotoar” com todo – o qual é muito mais, pois todos os “carneirinhos” lá vão pôr o papelinho como a televisão manda, inclusivamente fazendo comparações entre os “carneirinhos” da reciclagem e macacos!). Foi aí que o meu pai deixou, e com razão, de reciclar: pois se antes lhe pagavam para o fazer, porque motivo há-de ele fazer agora se deixaram de lhe pagar? Mas pronto, esta da reciclagem já vem de há uns anos, parece que os macacos já a sabem fazer e até já estão habituados a ela.
O que eu estranhei foi mesmo o apelo a que se comprassem coisas de qualidade e que pudessem ser reparadas! Que sacrilégio para o capitalismo! Então isso diz-se? Se se reciclar, ainda há uma malta que se “abotoa” com o trabalho dos outros (o dos tais macacos recicladores), por isso está tudo bem para o capitalismo. Agora, se se repararem as coisas, como é que as empresas vão continuar a produzir mais e mais, e como é que vão continuar a aumentar os lucros e como é que o PIB vai continuar a subir até ao céu?! Meu Deus, o Capital precisa que se deitem fora coisas boas (reciclem-se) e que se continuem a produzir coisas que não precisamos. E os governantes precisam disso também, precisam de cada vez mais gente a trabalhar e a produzir para manter o seu nível de carga fiscal e para poderem manter o esquema de pirâmide da Segurança Social, em que é necessário cada vez mais população activa para pagar as reformas daqueles que já as pagaram ao longo da vida, mas cujo dinheiro foi usado para dar a quem não quer trabalhar (desculpem, “aos que mais precisam”!) e à classe política que tem que enriquecer cada vez mais rapidamente antes que isto “dê o berro” de uma vez por todas (abençoado Salazar, que lá esteve 40 anos e morreu remediado!), em vez der utilizado num fundo capitalizável e guardado para a altura em que as pessoas se reformavam.
Mas é este o nosso mundo, um mundo onde cada vez mais se começa a ver que o modelo capitalista em que vivemos está esgotado, é incomportável para o planeta e para o bem estar das pessoas, mas ao mesmo tempo os vícios que vêm de trás impedem que se organize o mundo como deve ser. Como é possível querer aumentar o PIB e o horário de trabalho e a população activa e ao mesmo tempo dizer às pessoas para poupar e para comprar coisas que se possam consertar em vez de deitar fora? Este paradoxo do mundo capitalista e das “democracias ocidentais” é mais uma coisa que outra coisa não faz do que me causar mais umas dorzitas de morte. E “dorzitas” é favor!
quarta-feira, 7 de janeiro de 2009
Israel e a Faixa de Gaza.
Israel começou os bombardeamentos e os ataques à Faixa de Gaza e o mundo ficou muito revoltado com a desproporção de meios utilizados. Durante anos seguidos, os israelitas foram atacados diariamente por rockets lançados a partir deste território dominado por terroristas palestinianos e na altura em que um país soberano decide acabar com isto, o mundo, que se calou enquanto Israel era atacado, fica muito chocado com a “desproporção” de meios utilizados. Se calhar, pretendiam que Israel começasse também a lançar rockets de volta! Não acredito que nenhum destes países moralistas da União Europeia se sujeitasse a uma situação destas o tempo que Israel se sujeitou sem retaliar com violência. Porque é inadmissível que um grupo de maluquinhos convencidos que se morrerem a matar seres humanos terão uma catrapaziada de virgens lá no outro mundo, não deixe sossegar um povo que pegou num deserto onde não havia nada e o pusesse a produzir. Porque não e admissível que um país seja atacado todos os dias e não possa retaliar com brutalidade suficiente para destruir quem não faz mais nada senão tentar destruí-lo. Porque não se pode deixar que assassinos se misturem aos seus civis, condenando-os à morte, e que não sejam atacados por causa disso. Porque não se pode dar voz aos assassinos que reclamam que Israel lhes mata os civis e as crianças, se são eles que se organizam e se escondem entre os civis e as crianças, para reclamarem ao mundo a morte destes e destas pelos israelitas. Porque os muçulmanos já nos habituaram a comemorar atentados com centenas ou milhares de vítimas civis perpetrados contra o ocidente, onde morrem mulheres e crianças, e não têm moral para reclamar as mortes que lhes são infligidas, inevitavelmente, quando os terroristas se misturam no meio da população civil e quando esta, em vez de denunciar quem lhes provoca que sejam vítimas destes ataques, ainda os protege. E porque as bombas não têm olhos e quando há guerra terão inevitavelmente que morrer civis; sempre assim foi e sempre será, desde os primórdios do mundo. As guerras devem-se evitar, mas há alturas em que ela é inevitável (e, neste caso, não foi Israel que a começou, foram os palestinianos que, ao longo dos últimos anos, lançaram milhares de rockets sobre Israel, provocando morte e destruição) e nessas alturas é inevitável que morram civis, pois as guerras não se travam hoje em dia em campos de batalha (muito menos com terroristas, que são uns cobardes que se misturam no meio de civis, de mulheres e de crianças, e daí lançam bombas para cima de pessoas que trabalham, têm a sua vida, as suas casas, os seus empregos, os seus filhos…). Contra canalhas destes, a guerra nunca é desproporcionada. A guerra só é desproporcionada quando estes cobardes atacam pessoas que estão a tratar de viver a sua vida sem fazer mal a ninguém e estas são mortas na rua por um rocket lançado por um cobarde a dezenas de quilómetros, sem qualquer objectivo de atingir um alvo militar, mas antes com o objectivo de matar pessoas civis e provocar estragos ou impedir a tranquilidade de quem vive a sua vida a trabalhar e a produzir algo de bom e útil. E este cinismo do mundo, provoca-me umas dores que só visto!
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