Houve um qualquer ministro do Salazar que parece que um dia disse que não queria proletários universitários. Esta frase foi repetida até à exaustão pelos nossos “democratas”, querendo com ela demonstrar o quanto o Estado Novo queria o povo ignorante. Não querendo defender ninguém, gostaria apenas que olhassem para as escolas primárias existentes por esse país fora, que olhassem para os liceus ou mesmo para as universidades de Coimbra ou Lisboa (as que conheço) e vissem quando foram elas construídas… Aliás, agora assiste-se é ao fecho de muitas escolas, sobretudo primárias, pelo país inteiro. Mas não é este assunto que me faz estar aqui neste momento.
O que me faz estar aqui neste momento a escrever-vos é o estado a que a educação está a chegar em Portugal. O estado é tanto mais grave quanto é sabido que a educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento do país, podendo eu aqui dizer que é CRIMINOSO que se esteja a destruir o ensino público em Portugal e a hipotecar o futuro do nosso país com medidas que apenas servem para mostrar lá fora estatísticas que nada têm a ver com a realidade em termos de conhecimentos dos alunos.
Cada vez se assiste mais ao facilitismo na progressão dos estudos, à dificuldade que os professores têm em reprovar um aluno, à indisciplina crescente e apoiada pela conivência dos responsáveis pela educação, à obrigatoriedade de manutenção dos estudantes no sistema de ensino, à proliferação de universidades privadas e institutos politécnicos e, o pavor dos pavores, a medida mais hedionda de que há memória no sentido de destruir a educação em Portugal: as “Novas Oportunidades”.
As notas dos exames estão aí, a mostrar subidas espectaculares, a mostrar que os alunos, num ano, subiram os seus conhecimentos de forma astronómica! Claro que essas notas são contrariadas, quer pelos especialistas das diversas áreas – que falam da extrema facilidade dos exames – quer por aquilo que se sente ao contactar com os actuais estudantes (dei algumas explicações de matemática a alunos do 7º e 10º ano, no ano passado, e é de ficar estarrecido – desde não saberem a tabuada nem contas de multiplicar, dividir, até outros conhecimentos básicos para os níveis de ensino que frequentam, e que, no meu tempo, era impensável não os ter). Hoje a maioria dos jovens estudantes não sabe ler, não sabe escrever, não sabe fazer contas, NÃO SABE PENSAR, não entende o que lê, não se sabe exprimir, além de não ter conhecimentos de história, de geografia, de filosofia, de literatura, NADA. O que sobra da malta jovem? Bons e cada vez melhores conhecimentos de informática, de inglês e… futebol, telemóveis, rock e cinema (especialmente pancadaria).
Outro ponto que referi acima é o da indisciplina, que vem associado à obrigatoriedade de permanência de indivíduos desinteressados no sistema de ensino e à dificuldade em reprovar um aluno. Parece-me justo que qualquer pessoa tenha o direito de não querer estudar; não me parece de pessoas de juízo que se obrigue quem não quer estudar a estar na escola uma infinidade de anos, sem aprender nada e a desestabilizar quem quer aprender, em nome de uma suposta luta contra o abandono escolar. Quem não quer estudar, não estuda e vai trabalhar. Até porque o facto de andar lá por obrigação não vai fazer com que aprenda nada, apenas fará com que o aluno ande a desestabilizar as aulas, e com a aprovação dos pais que, em vez de verem nele um indivíduo malcriado e a necessitar de correctivos urgentes, ainda o veem com uma vítima do malandro do professor. Assim como há aqueles que não têm capacidade para estudar acima de um certo nível; se não tem capacidade para estudar (porque não temos todos as mesmas capacidades), para quê deixar andar um rapaz ali, anos e anos, sem chumbar, mas também sem aprender? Alguém acredita que estas pessoas vão ser uma mais valia pelo facto de lhes darem um certificado de uma habilitação que eles, de facto, não possuem?
E por falar em certificados de habilitações que as pessoas não possuem, o que dizer da maior machadada na educação deste país: as “novas oportunidades”? As novas oportunidades, além de não qualificarem ninguém, pois ninguém lá aprende nada nem tem as disciplinas que os alunos têm na escola, são uma fonte de injustiça, ao colocar em pé de igualdade quem estudou e quem não estudou nada, e um incentivo à não aprendizagem dos mais jovens, pois saberão que um dia, sem esforço, poderão tirar o 12º ano sem estudar, nas “novas oportunidades”. Quem quer novas oportunidades, que estude à noite, como sempre se fez, que já tem os estudos mais facilitados, mas sem ser desta maneira vergonhosa que nem estudos tem! Não há direito que um indivíduo que não teve capacidade para acabar o ensino secundário, faça aí um “trabalheco” qualquer e lhe dêem equivalência ao 12º ano, pondo-o em pé de igualdade com quem se esforçou para tirar o 12º a sério. E ainda se propõem, muitos deles, já agora, a tirar cursos superiores, uma vez que também há aí, nesse sector, quem venda cursos superiores sem estudo, uns por terem essa vocação (a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior privado) ou por necessidade (a maior parte dos institutos politécnicos de cidades pequenas, que necessitam de alunos para receber financiamento de Estado central e que dão cursos superiores a indivíduos que, no meu tempo, teriam dificuldade em tirar o 9º ano). E o pior, meus amigos, é que já eu me lembro de ouvir os meus pais dizerem que o ensino, na minha altura, estava muito mais facilitado, que eles aprendiam muito mais que nós, faziam exames rigorosos e aprendiam muitas coisas em níveis de escolaridade mais baixos do que no meu tempo.
Ora, quando eu vejo o que isto descambou do meu tempo de estudante pré universitário para agora e me apercebo que já vinha descambando do tempo dos meus pais para o meu e ainda vejo criarem as “novas oportunidades” para darem certificados do 12º ano a semianalfabetos, eu fico com umas dores que são de morrer!
O que me faz estar aqui neste momento a escrever-vos é o estado a que a educação está a chegar em Portugal. O estado é tanto mais grave quanto é sabido que a educação é um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento do país, podendo eu aqui dizer que é CRIMINOSO que se esteja a destruir o ensino público em Portugal e a hipotecar o futuro do nosso país com medidas que apenas servem para mostrar lá fora estatísticas que nada têm a ver com a realidade em termos de conhecimentos dos alunos.
Cada vez se assiste mais ao facilitismo na progressão dos estudos, à dificuldade que os professores têm em reprovar um aluno, à indisciplina crescente e apoiada pela conivência dos responsáveis pela educação, à obrigatoriedade de manutenção dos estudantes no sistema de ensino, à proliferação de universidades privadas e institutos politécnicos e, o pavor dos pavores, a medida mais hedionda de que há memória no sentido de destruir a educação em Portugal: as “Novas Oportunidades”.
As notas dos exames estão aí, a mostrar subidas espectaculares, a mostrar que os alunos, num ano, subiram os seus conhecimentos de forma astronómica! Claro que essas notas são contrariadas, quer pelos especialistas das diversas áreas – que falam da extrema facilidade dos exames – quer por aquilo que se sente ao contactar com os actuais estudantes (dei algumas explicações de matemática a alunos do 7º e 10º ano, no ano passado, e é de ficar estarrecido – desde não saberem a tabuada nem contas de multiplicar, dividir, até outros conhecimentos básicos para os níveis de ensino que frequentam, e que, no meu tempo, era impensável não os ter). Hoje a maioria dos jovens estudantes não sabe ler, não sabe escrever, não sabe fazer contas, NÃO SABE PENSAR, não entende o que lê, não se sabe exprimir, além de não ter conhecimentos de história, de geografia, de filosofia, de literatura, NADA. O que sobra da malta jovem? Bons e cada vez melhores conhecimentos de informática, de inglês e… futebol, telemóveis, rock e cinema (especialmente pancadaria).
Outro ponto que referi acima é o da indisciplina, que vem associado à obrigatoriedade de permanência de indivíduos desinteressados no sistema de ensino e à dificuldade em reprovar um aluno. Parece-me justo que qualquer pessoa tenha o direito de não querer estudar; não me parece de pessoas de juízo que se obrigue quem não quer estudar a estar na escola uma infinidade de anos, sem aprender nada e a desestabilizar quem quer aprender, em nome de uma suposta luta contra o abandono escolar. Quem não quer estudar, não estuda e vai trabalhar. Até porque o facto de andar lá por obrigação não vai fazer com que aprenda nada, apenas fará com que o aluno ande a desestabilizar as aulas, e com a aprovação dos pais que, em vez de verem nele um indivíduo malcriado e a necessitar de correctivos urgentes, ainda o veem com uma vítima do malandro do professor. Assim como há aqueles que não têm capacidade para estudar acima de um certo nível; se não tem capacidade para estudar (porque não temos todos as mesmas capacidades), para quê deixar andar um rapaz ali, anos e anos, sem chumbar, mas também sem aprender? Alguém acredita que estas pessoas vão ser uma mais valia pelo facto de lhes darem um certificado de uma habilitação que eles, de facto, não possuem?
E por falar em certificados de habilitações que as pessoas não possuem, o que dizer da maior machadada na educação deste país: as “novas oportunidades”? As novas oportunidades, além de não qualificarem ninguém, pois ninguém lá aprende nada nem tem as disciplinas que os alunos têm na escola, são uma fonte de injustiça, ao colocar em pé de igualdade quem estudou e quem não estudou nada, e um incentivo à não aprendizagem dos mais jovens, pois saberão que um dia, sem esforço, poderão tirar o 12º ano sem estudar, nas “novas oportunidades”. Quem quer novas oportunidades, que estude à noite, como sempre se fez, que já tem os estudos mais facilitados, mas sem ser desta maneira vergonhosa que nem estudos tem! Não há direito que um indivíduo que não teve capacidade para acabar o ensino secundário, faça aí um “trabalheco” qualquer e lhe dêem equivalência ao 12º ano, pondo-o em pé de igualdade com quem se esforçou para tirar o 12º a sério. E ainda se propõem, muitos deles, já agora, a tirar cursos superiores, uma vez que também há aí, nesse sector, quem venda cursos superiores sem estudo, uns por terem essa vocação (a maior parte dos estabelecimentos de ensino superior privado) ou por necessidade (a maior parte dos institutos politécnicos de cidades pequenas, que necessitam de alunos para receber financiamento de Estado central e que dão cursos superiores a indivíduos que, no meu tempo, teriam dificuldade em tirar o 9º ano). E o pior, meus amigos, é que já eu me lembro de ouvir os meus pais dizerem que o ensino, na minha altura, estava muito mais facilitado, que eles aprendiam muito mais que nós, faziam exames rigorosos e aprendiam muitas coisas em níveis de escolaridade mais baixos do que no meu tempo.
Ora, quando eu vejo o que isto descambou do meu tempo de estudante pré universitário para agora e me apercebo que já vinha descambando do tempo dos meus pais para o meu e ainda vejo criarem as “novas oportunidades” para darem certificados do 12º ano a semianalfabetos, eu fico com umas dores que são de morrer!
4 comentários:
Pois, mas quem estudou a sério anda hoje com dificuldades para arranjar ministro; e quem tirou por "correspondência" chega a PM!
Olá,
li com muito interesse o teu texto sobre as Novas Oportunidades, e tenho que te dar a razão.
Eu trabalho, ainda que indirectamente, com algumas dessas áreas e ainda bem que não as vejo "no terreno" (como alguns colegas meus), senão, o meu desgosto e a desilusão ainda seriam maiores, porque só quem vê, por esse país fora, turmas desses formandos, é que tem a real percepção do "vazio" a que se reduz este tipo de ensino.
Há dias falei com uma formanda a quem recomendei que fizesse uma reclamação, e ela disse-me que não era capaz de escrever uma carta simples de reclamação -- uma pessoa que daqui a uns tempos vai ter o 12º ano...
Até encaminhei o teu texto para um amigo, que, antes de se reformar, trabalhou directamente com os centros novas oportunidades, e que, como nós, também nunca concordou com a forma como esta medida foi concebida e está a ser aplicada.
É o país que temos.
PS - espero que estejas melhor das tuas dores... :-)
O ensino Recorrente (nocturno) não está facilitado como diz. À uns anos atrás isso podia acontecer, mas não hoje. A única diferença para o diurno são menos horas de aulas, mas não em todas as disciplinas!
Eu tenho pena é de ter estudado tanto anos, e no final não arranjo trabalho. Tirei o secundário normal em Artes(3 anos), entrei para a Faculdade pública, curso de Arquitectura (5 anos), bom aluno, acima da média, fiz 2 estágios sem ser remunerado(curricular e da Ordem dos Arquitectos, total de 1 ano e 6 meses) e no final o resultado foi o desemprego, e andar nas caixas de supermercado. Os amigos que cagaram nos estudos, safaram-se todos... Empregos de armazem (pagam melhor que qualquer gabinete de arquitectura, todos a recibos verdes), tem casa, carro, saiem a noite, viajam. Aqui o "estudante" é um zé ninguém.
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