sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Contas públicas equilibradas?

Tenho-me fartado de ouvir a mesma cantiga de há uns tempos a esta parte, vindo dos nossos governantes, nomeadamente por parte daquele que não tem por hábito dizer verdades (todos o conhecem, é aquele que diz que criou condições para que as taxas de juro baixassem – como se não tivesse sido o BCE a fazê-lo) e que reza que conseguiu equilibrar as contas públicas e ter margem orçamental para aumentar os gastos públicos; ouço-o também dizer que este é o menor défice da nossa democracia (duvidosa democracia esta, mas ainda assim, o que importa reter é que antes da democracia era hábito termos superavites e desde que vivemos em “democracia” sempre tivemos défices).
Ora isto é uma coisa que me mexe um bocado com o sistema nervoso, pois é tudo uma clara mentira o que esse senhor diz. Como pode ele falar que equilibrou as contas públicas e que conseguiu folga orçamental para aumentar os gastos, se há mais de 30 anos que o Estado vem gastando mais do que aquilo que recebe? Desculpem, mas conhecem alguém que possa viver mais de trinta anos a gastar mais do que o que ganha? E acham que um indivíduo que levasse essa vida ainda tinha motivos para dizer que tinha as contas em ordem e que já podia começar a gastar mais outra vez, só pelo simples facto de a diferença entre aquilo que recebeu e aquilo que gastou foi a menor dos últimos trinta e tal anos? É que o que se está a fazer há mais de 30 anos é a deixar dívidas para, mais tarde – não se sabe quando – alguém ter que as pagar. Porque não é possível gastar, sistematicamente, mais do que aquilo que se ganha, a não ser endividando-se (ou vendendo o que se tem, mas já não há muito mais empresas públicas para vender – só se voltarem a fazer como a seguir ao 25 de Abril: nacionaliza-se tudo e depois vai-se vendendo tudo outra vez). Ou seja, estamos a tornar-nos num país endividado, que está a hipotecar o futuro, gastando agora dinheiro que não se tem e deixando as coisas para os outros pagarem. Estamos com isto a condenar os vindouros à pobreza ou à emigração, pois o país assim não tem futuro.
O nosso primeiro-ministro poderia falar de equilíbrio das contas públicas e folga orçamental, se tivéssemos tido anos de superavit, onde tivéssemos acumulado dinheiro para gastar agora.
Mas o Sr. “Eng.” ainda falha noutra coisa: é que mesmo a redução que o défice teve, deveu-se, como toda a gente sabe, ao aumento da carga fiscal e ao facto de a máquina fiscal estar a apanhar faltosos antigos e não à redução da despesa, o que nos leva a pensar 3 coisas: a receita fiscal não pode continuar a aumentar muito mais, sob pena de se tornar incomportável para os contribuintes; estas receitas extraordinárias acabarão mais cedo ou mais tarde, quando a generalidade dos cidadãos forem cumpridores; o governo não conseguiu travar a despesa pública, e muito por causa de continuar a subsidiar a preguiça (rendimento social de inserção, subsídio de desemprego dado tempos sem fim, casas a quem não quer trabalhar – que eles chamam “habitação social” – , etc.) e pelo facto de continuar a meter clientelas políticas como trabalhadores do Estado (parasitas muito bem remunerados e sem fazerem nada, vindo até a dar mau nome à generalidade dos funcionários públicos que trabalham), que vêm compensar, e muito, a redução que se tem vindo a fazer nas pessoas que lá estavam a trabalhar; além, claro, de se continuar a, como diz o povo, “poupar no farelo e estragar na farinha”. Meus amigos: assim, eu não posso aguentar com tanta dor de morte!

1 comentário:

Anónimo disse...

Quem, o Sr. que recebeu "luvas" dos ingleses para desclassificar uma zona de reserva natural?

:)